Toca Raul!

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As mensagens de Raul Seixas ainda ecoam 30 anos depois de sua morte

Ana Lécia

Músico baiano morreu em 21 de agosto de 1989, aos 44 anos

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Nesta quarta-feira, completaram-se 30 anos da morte de Raul Seixas, dono de uma obra original, genial e permanente. O corpo do baiano, um dos pioneiros no rock and roll no Brasil, foi encontrado pela empregada no quarto do apartamento onde ele morava. Aos 44 anos de idade, foi vítima de parada cardíaca decorrente de pancreatite aguda, alcoolismo e diabetes, segundo atestado por médicos. 

Trinta anos depois de partir, Raul Seixas tem mensagens atuais 

Por Julio Maria / Agência Estado

As mensagens de Raul Seixas ainda ecoam depois de 30 anos de sua morte, completados neste 21 de agosto. A música foi seu transporte, o que ajudou a massificá-lo, mas seu pensamento seria certamente combustível para se tornar best seller em publicações filosóficas. A música de Raul teve seus méritos na história, sobretudo ao mostrar o quanto o discurso nordestino de Luiz Gonzaga andava de mãos dadas com o rock and roll, mas ele estava preocupado sobretudo com a mensagem.

Um exercício rápido mostra a força de um pensamento que, mesmo quando recorreu a inspirações ocultistas de Aleister Crowley, que poderiam acabar datados, estariam atuais 30 anos depois. Assim dizia Raul, isolando algumas de suas melhores frases: "Antes de ler o livro que o guru lhe deu, você tem que escrever o seu", "é chato chegar a um objetivo num instante", "A coisa mais penosa do nosso tempo é que os tolos possuem convicção e os que possuem imaginação e raciocínio vivem cheios de dúvida e indecisão", "A desobediência é uma virtude necessária à criatividade", "Do materialismo ao espiritualismo, é uma simples questão de esperar esgotarem-se os limites do primeiro." Seu existencialismo rendia algo de melancólico. "Não sei por que nasci, pra querer ajudar a querer consertar o que não pode ser. Carpinteiro do universo inteiro eu sou". "Eu perdi o meu medo da chuva. Pois a chuva, voltando pra terra, traz coisas do ar", "Há homens que nascem póstumos", "eu não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz."

Mas lá vinha a beleza trazida pela outra parte do mesmo Raul equilibrando-se no amor, o que evitava que se tornasse um niilista apocalíptico. "Só há amor quando não existe nenhuma autoridade", "O amor só dura em liberdade. O ciúme é só vaidade. Sofro, mas eu vou te libertar", "Como as pedras imóveis na praia, eu fico ao teu lado, sem saber dos amores que a vida me trouxe e eu não pude viver", "Hoje eu sei que ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez" e a bela "Diga o que você quer, se acaso não quiser, feliz eu serei seu nada, mas um nada de amor."

Sempre é tempo de ouvir o repertório do "Maluco Beleza":

GITA

MALUCO BELEZA

METAMORFOSE AMBULANTE

EU NASCI HÁ DEZ MIL ANOS ATRÁS

COWBOY FORA DA LEI

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