Argentino imperdível

Argentino imperdível

O longa argentino "O Anjo" traz a história de Carlos Robledo Puch, um serial killer que tocou o terror na Buenos Aires no início da década de 1970

Chico Izidro

Coube ao novato Lorenzo Ferro viver um criminoso nas telas em "O Anjo" (El Angel), dirigido por Luis Ortega

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Carlos Robledo Puch foi um serial killer que tocou o terror na Buenos Aires no início da década de 1970. Cometeu aos 19 anos, 12 homicídios, 17 assaltos a mão armada e dois estupros. Ainda está vivo, aos 67 anos, cumpre pena de prisão perpétua já há 40 anos. Seu sonho era que Leonardo DiCaprio o interpretasse nas telas e que Quentin Tarantino dirigisse o filme.

Mas coube ao novato Lorenzo Ferro viver o criminoso nas telas, em "O Anjo" (El Angel), dirigido por Luis Ortega. A trama foi baseada no livro “O Anjo Negro”, de Rodolfo Palácios, que remete ao apelido dado pela imprensa a Puch à época de quando foi capturado - a pouca idade e a beleza do assassinato surpreendeu a todos, numa Argentina que vivia uma ditadura militar comandada por Alejandro Agustín Lanusse, e é pontuada por vários clássicos roqueiros do período, como a canção  “El Extraño Del Pelo Largo”, da banda La Joven Guardia.

Puch era um rapaz de classe média, podendo ter tudo o que queria. Mas apenas os roubos o satisfaziam. E seu impulso assassino veio à tona quando se envolveu com Jorge Ibáñez, que no filme foi rebatizado de Ramón, é é vivido por Chino Darín, filho do astro Ricardo Darín. Os dois se conhecem na escola, e logo passam a praticar crimes e assasinatos. Ibáñez morreu num acidente de automóvel em agosto de 1971, e no longa a morte é jogada para Puch.

Que depois se uniu a Héctor Somoza, com quem cometeu mais dois homicídios. Em 1972, depois do assassinato de um funcionário de uma loja de ferragens, Robledo Puch matou Somoza com um tiro e ateou fogo no corpo para dificultar a identificação do cadáver. Mas a polícia encontrou em meio às roupas de Somoza a carteira de identidade do Anjo da Morte e o prendeu.

O filme relembra com extremo cuidado aquela época, com registro impecável de figurinos. E atuações seguras do novato Ferro, de Darín - que chegam a ensaiar quase um romance homossexual, que nunca se concretiza. Mas por vezes os personagens se olham, se aproximam e em uma sequência chegam a dançar entrelaçados. Um filmaço de nossos hermanos. Imperdível.


 
 

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