Brinquedo em tempos virtuais

Brinquedo em tempos virtuais

O boneco Chucky volta repaginado em "Brinquedo Assassino", direção de Lars Klevberg

Chico Izidro

Chucky não quer mais assumir o corpo do garoto, mas sim ter um amigo para sempre, Andy

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O boneco Chucky, que tocou o terror nos cinemas desde o primeiro filme, de 1988, e depois teve mais seis sequências, volta repaginado em "Brinquedo Assassino", direção de Lars Klevberg. O primeiro longa tinha muito de terror, mas com o tempo o medo foi dando espaço para o humor e o esculacho, gerando continuações tipo "A Noiva de Chucky" e até mesmo "O Filho de Chucky".
 
No primeiro filme, o boneco Good Guy era possuído pelo espírito de um serial killer, Charles Lee Ray, interpretado por Brad Dourif, que à beira da morte invocava um ritual vudu. Seu objetivo era o de retornar a um corpo humano, e a vítima era o pequeno Andy. Agora, em novos tempos de conetividade e internet, o boneco é produzido no Vietnã, em uma fábrica onde os operários são tratados quase como escravos. Um deles, maltratado por um gerente, decide sabotar o brinquedo, mexendo em seu chip - ou seja, Chucky não tem mais uma alma humana, mas sim inteligência artificial capaz de aprender lições bastante perversas por causa da sabotagem do operário vietnamita. Até o visual do brinquedo ficou mais sinistro, perdendo uma certa aura de angelical oitentista.
 
Já nos Estados Unidos, o boneco é adquirido por um comprador, que o devolve, já que ele apresenta defeitos. Assim, a jovem mãe solteira Karen (Aubrey Plaza, da série Legions), que trabalha na loja de brinquedos, pega o boneco e leva de presente para o filho adolescente, Andy ( Gabriel Bateman), que no primeiro filme era um garotinho de sete anos. Nesta nova versão, Chucky não quer mais assumir o corpo do garoto, mas sim ter um amigo para sempre. E isso se torna obsessão para o boneco, que sai matando todo mundo que se aproxima do solitário Andy, que ao ver as reais intenções do "amiguinho", tem de se livrar dele.

 

O novo "Brinquedo Assassino" capricha no gore, sendo muito mais sangrento que seus predecessores. O diretor Lars Klevberg não poupa cenas violentas, com muito sangue jorrando. Mas a obra tem muito humor também, e até referências, como por exemplo "E.T.", de Steven Spielberg. No quarto de Andy há um pôster do filme de 1982, e Chucky, dublado com primor por Mark Hamill (o Luky Skywalker), consegue acender um dedo como o extraterrestre e aprende suas interações com os humanos e suas maldades vendo TV - uma das lições equivocadas de Chucky é aprendida ao ver “O Massacre da Serra Elétrica 2” . O boneco, enfim, quer apenas um amigo para chamar de seu. Aliás, a musiquinha que ele canta fica ruminando em nossas cabeças: "você é meu amigo, mais que um amigo, você é meu melhor amigo. Eu te amo mais do que você jamais saberá, eu nunca vou deixar você ir". Stalker total...

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