Cão sem trono

Cão sem trono

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mundo-cao-O diretor Marcos Jorge já surpreendeu positivamente com "Estômago" (2007), em que dirigiu João Miguel, Jean Pierre Noher, Babu Santana, Fabíula Nascimento e outros. Construiu na tela um dos melhores filmes brasileiros já vistos. Depois, frustrou público e crítica com "Corpos Celestes" (2010), protagonizado por um sofrível Dalton Vigh em trama debilitado em filme decepcionante. Agora, em "Mundo Cão", Marcos Jorge conta com um elenco novamente encabeçado por Babu Santana, e com as presenças de Lázaro Ramos, Milhem Cortaz e Adriana Esteves.

A estória mostra Nenê (Lázaro) preocupado, além de seus negócios ilícitos, com os cães que vivem ao seu lado. Um deles, Nero, ganha as ruas e acaba apanhado pelo pessoal do controle de Zoonose, no tempo em que a eutanásia de animais era permitida em São Paulo. Três dias depois da captura, se o dono não aparecesse, o animal era sacrificado. Aí entra Santana (Babu Santana), um pai de família corintiano, que vive com a mulher Diza (Adriana Esteves), a filha Izaura e o filho João.  Quando Nenê e Santana se conhecem, a trama os leva a travar uma batalha pessoal, com altos e baixos, vitórias e derrotas.

A narrativa transita entre o drama pessoal, social e se apropria do cômico abrindo o leque que pode cativar um universo ainda maior de público. Lázaro Ramos é o melhor da trama. Quase no filme todo. Na medida certa de uma atuação convincente e envolvente. Mescla de Mr. Brown e violão de novela das oito, vive um ex policial corrupto, com o foco do diretor mais voltado para sua relação com os cães. Aliás, eles surgem desde o título até o último momento da trama. O roteiro, assinado também pelo diretor, apresenta momentos irregulares e sobreatuações lamentáveis. Mescla de filme da tarde e tentativa de thriller policial, derrapa no morno da trama e só cresce, um pouco, no final, quando uma das personagens, até então secundaríssima, ganha corpo e "voz".

"Mundo Cão" está acima da média de grande parte dos filmes brasileiros do último ano, mas lhe falta vigor e energia, no discurso e na ação. Uma pena.

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