Fantasia real

Fantasia real

Na tela se dá mistura de drama, comédia, suspense e fantasia estão presente em “Border”, filme sueco dirigido pelo iraniano Ali Abassi

Marcos Santuario

Filme foi o indicado pela Suécia para competir ao Oscar deste ano

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Não se trata de um filme fácil. "Border", dirigido pelo iraniano Ali Abassis, estreou no Festival de Cannes do ano passado, em que levou o prêmio de melhor longa da seção "Um Certo Olhar". Provocante, o filme não apresenta o belo e o delicado. Ao contrário, apresenta aquilo se origina da deformação e faz, com isso, uma tentativa de colocar o espectador em posição de buscar o que está na profundidade desta camada inicial da superficialidade. isso já é visível no rosto da protagonista, Tina, vivida, com um maquiagem carregada, pela Eva Melander. Dona de um "sexto sentido", trabalha como fiscal de alfândega num porto sueco, e usa esse "dom" farejando vergonha, a culpa e  raiva nas pessoas que passam por ela na imigração. 

 

A alteridade é que a leva a encontrar-se consigo mesma. Encontra alguém que se parece com ela. Funciona como espelho, e a leva a encontrar respostas sobre sua própria identidade. Pistas que o diretor, propositalmente, não deixa claro para o espectador. Exige um esforço além do acomodar-se na poltrona. Tem aí questões humanas, da natureza, de gênero, da contemporaneidade dos processos migratórios, e da busca pessoal pelo "quem sou eu?".

Abassis nasceu em Teerã, foi criado em Estocolmo e hoje mora na Dinamarca. Tem 38 anos, e apresenta em "Border" a atualidade em que a gente pode se sentir solitário, em um mundo amplamente comunicado. E, diferente de muitos que ignoram a riqueza do mundo cultural , se diz bastante próximo do realismo mágico dos latino-americanos García Márquez e Carlos Fuentes. Mas distante das fantasias blockbusters como "Senhor dos Anéis" ou "Harry Potter". 


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