Forte documento

Forte documento

publicidade



O documentário "Imagens do Estado Novo 1937-45", de Eduardo Escorel, não é para qualquer um. Exige fôlego, pois chega perto das quatro horas, com imagens predominantemente em preto e branco - pouquíssimas são coloridas. Mas o trabalho de pesquisa é louvável e mesmo com toda a duração, quando chega ao seu final, dá vontade de se ver de novo e de novo.


Escorel, que narra o documentário, mostra um dos períodos mais conturbados da história do Brasil - a ditadura de Getúlio Vargas, que foi o ditador de 1937 a 1945, quando foi obrigado pelos militares a renunciar - como se sabe, ele voltaria cinco anos depois, então eleito por voto direto, se matando durante nova crise política em 1954.


Em "Imagens do Estado Novo 1937-45", vemos a análise em forma cronológica dos acontecimentos no Brasil durante o período, mas também mostrando as ótimas relações de Vargas com a Alemanha nazista de Adolf Hitler. Os dois trocavam correspondências, e o Brasil possuía uma forte colonização alemã que mostrava abertamente sua filiação ao nazismo - o que passaria a ser proibido a partir de 1942, quando da entrada brasileira na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados, depois de pressão dos Estados Unidos e de ataques germânicos a navios brazucas.


O documentário também mostra, em ótimas imagens, os puxa-sacos de Vargas, os aliados, os "cupinchas". O engraçado é ver que o ditador não gostava de ser filmado, mas parecia sempre à vontade perante às câmeras. Escorel analisa ainda, em vários momentos, o diário de Getúlio, que é encerrado de forma abrupta ainda nos anos 1930.


O filme mostra com suas fortes imagens uma época em que até as feições das pessoas era diferente - elas tinham queixos maiores, dentes imperfeitos, e todos andavam de terno e gravata, não importasse sua classe social. Um documento de uma época.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895