intenso e atual

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Depois de abocanhar o Leão de Ouro do Festival de Cinema de Veneza 2019, já está nas telas dos cinema o esperado "Coringa”, de Todd Phillips.

Marcos Santuario

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É marcante a atuação de Joaquin Phoenix no papel do vilão do universo de Batman, neste filme de Todd Phillips, "O Coringa". A trama, com roteiro envolvente e com uma narrativa por trilha sonora certeira, conta a origem do personagem sombrio e sua entrada para o mundo do crime. O jovem Arthur Fleck (Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos e, toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido a problemas mentais que se revelam em seu dia a dia. Com elementos que remetem ao início dos anos 1980, quando se passa a trama, o bullying é um gatilho para o rapaz. Muitos momentos do filme isso se torna intenso e vai constuindo a narrativa de rejeição e frustração do personagem. Depois de ser demitido, ele reage mal a uma gozação  em pleno metrô e responde violentamente. Aí é quando o enredo vai do drama psicológico ao thriller de violência. No contexto, ocorre uma espécie de movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) é seu maior representante. Até aí o Batman ainda não havia surgido, mas aquele que seria seu principal rival, vilão insano, já estava tomando forma, em sua psicologia e em seu comportamento.

O Coringa  de Phillips  mostra uma aventura ainda mais sombria do psicopata, em uma Gotham City abandonada, sem leis, regras ou limites. No elenco  brilham as atuações de Robert De Niro, Zazie Beetz, Frances Conroy, Shea Whigham, Bill Camp e Douglas Hodge. Em quase 80 anos de existência, Coringa já ganhou interpretações lendárias no cinema e na televisão. Seu rosto já foi forjado no talento de atores renomados como Jack Nicholson, Heath Ledger (que morreu em 2008, depois de atuar em “O Cavaleiro das Trevas”) e Jared Letto. A história original e fictícia colocada na tela por Phillips vem acompanhada de uma trilha sonora impactante, que consolida a criação narrativa do vilão.

Mesmo antes de ser lançado, “Coringa” recebeu inúmeros elogios de parte importante da crítica. Também antes de sua estreia nos EUA (que acontece nesta sexta-feira), o filme tem gerado controvérsia por, na opinião de alguns, premiar e justificar  a violência, que preocupa o país. Os críticos têm manifestado suas preocupações: a produção poderia inspirar jovens a cometer os mesmos atos retratados na tela. A Warner Bros., que é dona  de todo o catálogo da DC Comics (que inclui nomes como Super-homem, Batman e Mulher Maravilha), tem respondido que “a violência armada é um problema crítico em nossa sociedade e acreditamos que uma das funções da narrativa de histórias é estimular conversas difíceis sobre questões complexas. Não se enganem: nem o personagem Coringa nem o filme apoiam qualquer tipo de violência no mundo real”. Polêmicas a parte, e cinematograficamente falando, trata-se de uma produção que marcará a história da sétima arte com suas aproximações aos temas mais atuais, como os abusos (psicológicos e físicos) e a busca de cada um por um espaço no mundo que nos cerca. Um filme para ser visto, não só como diversão, mas pelo tom de arte e de realismo que imprime em suas escolhas.


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