“Mank”

“Mank”

David Fincher dirige filme mostrando os bastidores da criação do clássico “Cidadão Kane”

Chico Izidro

Gary Oldman interpreta “Mank” com vigor e excelência

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Assisti “Cidadão Kane” (1941) em VHS lá em meados dos anos 1980 e fiquei maravilhado com a obra de Orson Welles. Vi e revi inúmeras vezes. Sim, talvez seja o melhor filme de todos os tempos. Pois agora David Fincher, mestre do cinema, diretor de clássicos como “Seven”, “Clube da Luta”, “Zodiaco”, “O Curioso Caso de Benjamin Button” decidiu contar a tumultuosa história do roteirista Herman J. Mankiewicz da obra-prima icônica de Orson Welles, em “Mank”, que traz a Hollywood em seus tempos gloriosos, entre os anos 1920 e 1950, apresentando ainda o cenário político-social daquela época, sofrendo os efeitos da Grande Depressão.

“Cidadão Kane” é uma das obras mais celebradas do cinema, mas sempre foi cercada de polêmicas e dificuldades para ser feito. Ele retrata a vida do magnata da mídia sensacionalista William Randolph Hearst, que decidiu boicotar o longa. E “Mank” mostra a briga do roteirista sua luta com o autor Orson Welles pelo crédito do script da obra (os dois acabaram ganhando o Oscar pelo trabalho). Welles era o queridinho da mídia, com apenas 24 anos, sendo era o garoto-prodígio do rádio e do teatro que havia ficado famoso ao assustar os Estados Unidos com a sua apresentação de “Guerra dos Mundos”, de H.G. Wells em 1938. Mas o filme também retrata a vida tumultuosa de Mankiewicz, vivido esplendorosamente por Gary Oldman, e que na visão de Fincher é o verdadeiro pai da matéria.

Porém o protagonista é mostrado de forma dura, quase cruel. Seu talento é reconhecido, participando da Era de Ouro de Hollywood entre 1926 e 1952, e entre outras obras, não foi creditado em outro clássico, “O Mágico de Oz”. Mank era um homem genial, mas também inconsequente, adúltero e alcóolatra – ele morreu cedo, com apenas 55 anos, vitimado pelo vício. A sua fonte para escrever o roteiro de “Cidadão Kane” era a amiga, a atriz Marion Davies, interpretada por Amanda Seyfried, amante por trinta anos de William Randolph Hearst. O encontro da atriz com Mankiewicz foi fundamental para ele escrever o roteiro. 

“Mank” foi todo ele filmado em câmeras digitais e as cenas foram tratadas para parecerem película envelhecida. O som foi gravado em apenas um único canal, sim, o velho sistema mono, o mesmo foi feito para a trilha sonora. E o que pode incomodar as gerações mais novas é que o longa de Fincher é todo em preto e branco, assim como “Cidadão Kane” (a galera tem preguiça de ver filmes que não sejam coloridos e pior, que não sejam dublados). “Mank” é tecnicamente brilhante e uma ode à indústria do cinema que é Hollywood.

O filme está disponível na plataforma Netflix.

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