Moffie
Filme mostra jovem sul-africano homossexual na época do Apartheid
publicidade
Governos ditatoriais costumam perseguir todas as minorias possíveis e não seria diferente na racista África do Sul, que entre 1948 e 1994, foi regida sob os ditames do Apartheid, regime no qual a população negra não tinha nenhum direito, e a minoria branca oprimia de uma maneira repulsiva. Em “Moffie”, direção de Oliver Hermanu, é contada também a perseguição aos homossexuais que viviam no país, baseado em romance autobiográfico de André Carl van der Merwe.
A trama se passa no começo dos anos 1980, quando a África do Sul estava em conflito com Angola, que vivia sob regime comunista. Os brancos sul-africanos então trataram de reforçar as fronteiras do norte, pela Namíbia, cujo sistema político era semelhante ao do país do extremo sul africano. E todos os jovens brancos a partir dos 16 anos eram convocados a servir ao exército, onde sofriam verdadeira lavagem cerebral, passando a acreditar que estavam realizando o trabalho de deus. E nisso aparece o jovem Nicholas Van der Swart, interpretado por Kai Luke Brummer. Ele não se encaixa naquele sistema, e ainda esconde um segredo – é homossexual, crime considerado punível com prisão ou até mesmo a morte. No rigor do exército, sob o comando de oficiais sádicos, Nicholas tem de esconder sua homossexualidade – e fica mais em risco ainda depois de desenvolver um relacionamento íntimo com o colega recruta, Stassen (Ryan de Villiers).
“Moffie” não apresenta surpresas e determinadas cenas lembram muito o clássico “Full Metal Jacket” (Nascido para Matar, 1987), de Stanley Kubrick, como por exemplo o treinamento dos recrutas feito por oficiais sádicos, o suicídio de um jovem que não suporta a pressão, e depois à ida para a batalha. Mas isso não desmerece a obra, que trata de um tema pesado, tentando mostrar que não há nada de errado em ser gay. O filme ainda é falado em africâner. E a palavra moffie é pejorativa, o mesmo que faggot para os norte-americanos ou viado para os brasileiros. Em determinado momento, ela se auto-explica no longa metragem. Repulsiva.
