No Coração de Moby Dick

No Coração de Moby Dick

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20151123-hgcpb O longa-metragem "No Coração do Mar" é um dos lançamentos deste dezembro. Com direção de Ron Howard (de "Uma Mente Brilhante"), este longa-metragem apresenta a história da tripulação do navio baleeiro "Essex", que parte da costa norte-americana em 1820 para caçar baleias. Na época, o óleo de baleia era uma substância muito valorizada, servindo como combustível para iluminação pública e doméstica, além de ser aproveitado em vários outros produtos, como cosméticos.

A narrativa começa com o escritor Herman Melville (Ben Whishaw) procurando o último sobrevivente daquele navio, Thomas, décadas depois de ter sido destruído por uma baleia e a história virar "lenda". Thomas, vivido na fase juvenil por Tom Holland e na adulta por Brendan Gleeson, é quem conta a história, em flashback. A viagem com o referido barco já começa com uma rivalidade entre o capitão Pollard (Benjamin Walker), inexperiente mas com o sobrenome da família de empresários marítimos, e seu Imediato, Owen Chase (Chris Hemsworth), nascido "sem berço", mas o líder natural para a função. O objetivo era voltar ao país somente quando o navio estivesse cheio de barris de óleo de baleia, o que valia uma fortuna.

As cenas de caça às baleias podem causar desconforto, mas representam a prática do período. Desde os anos 80, a caça às baleias é proibida por uma comissão internacional de defesa do animal. Em desuso em praticamente todos os países, tem no Japão uma exceção(o que o torna alvo de fortes críticas de ambientalistas).

O ponto central do filme se dá no encontro com a baleia cachalote branca de tamanho acima do normal que viria a inspirar o romance  "Moby Dick". Ela mostra ter uma determinação e um espírito de vingança incomuns na espécie. Mas este drama não se trata apenas de um embate entre o homem e o que simbolicamente a baleia pode representar, como as forças da natureza, mas também sobre os limites do ser humano em situações extremas, como meses de privações no oceano.

Este drama pode agradar quem andava com saudades de uma aventura marítima do século XIX, cuja temática andava meio esquecida. Lembra em alguns aspectos o enfoque na força bruta necessária aos marujos, vista, por exemplo, em "Mestre dos Mares" (2003). Já o desespero de sobreviventes à deriva em botes por oceanos foi abordado, ainda que sob outros ângulos, recentemente em "Invencível" (2014) e "As Aventuras de Pi" (2012).

"No Coração do Mar" é um bom filme, mas em algumas sequências se percebe um artificialismo em cenários criados digitalmente. Faltou um pouco mais de tensão ao estilo do velho thriller "Tubarão". A opção de 3D é dispensável e parece apenas tornar a fotografia mais escura. Em contrapartida, o elenco está bem dirigido e afinado. Chris Hemsworth, que ganhou fama como "Thor", transpira carisma e logo conquista a empatia do espectador não apenas pela beleza, mas porque seu personagem se mostra sempre mais seguro como líder do que o inconsequente capitão. O esforço físico para viver o papel também merece elogio, visto que o fortão perdeu quase 20 quilos para encenar as cenas como náufrago.

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