Diretora gaúcha lança peça que retrata situação de migrantes

Diretora gaúcha lança peça que retrata situação de migrantes

"Manual para Náufragos" faz parte da programação do Festival de Teatro Virtual da Funarte

Lou Cardoso

Texto é interpretado pelo ator Eduardo d’Ávila

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Está disponível até o dia 31 de outubro a exibição da peça "Manual Para Náufragos", dirigido por Tainah Dadda, dentro da programação do Festival de Teatro Virtual da Fundação Nacional de Artes (Funarte). O texto, escrito por Nicolas Beidacki, é interpretado pelo ator Eduardo d’Ávila. O espetáculo pode ser assistido neste link.

A peça aborda histórias reais e ficcionais de migrantes contemporâneos. "A condição estrangeira num mundo em colapso, a fragilidade do conceito de pertencimento e a transitoriedade que marcam a vida de indivíduos desterritorializados são a tônica de "Manual para Náufragos". A condição estrangeira, o sentido de pertencimento, as relações de alteridade e a transitoriedade que marcam a vida dos que habitam fronteiras estão em debate nessa performance, dando espaço para muitas vozes", explicou a diretora.

O ponto de partida para desenvolver a peça veio através da vivência pessoal da diretora, que atualmente reside em Portugal e se mudou para lá para cursar mestrado pouco antes da pandemia da Covid-19. "Essas drásticas mudanças no trânsito entre fronteiras geográficas acabou potencializando questões inerentes ao processo migratório, como a solidão, o medo, as relações de alteridade, o sentido de identidade, liberdade, além de fortalecer a já ascendente xenofobia que avança com o extremismo político no Ocidente", explicou.

"Passei a observar isso ainda em Porto Alegre, com a reação à migração haitiana e senegalesa, principalmente, à capital gaúcha. E o mesmo acontecendo aqui na Europa em decorrência de diversas crises em muitos países", complementou Tainah. 

O espetáculo de teatro filmado foi idealizado como um formato híbrido entre as artes cênicas e o audiovisual. A direção da peça também foi remota, já que Tainah segue no continente europeu. "A transversalidade entre linguagens artísticas, aliás, é característica presente em todo esse projeto. E o resultado é um convite para a reflexão sobre temas que perpassam a existência de qualquer indivíduo, em qualquer tempo e lugar. Afinal, neste projeto, a migração também pode ser entendida como símbolo de transições pessoais e dizer respeito a quem jamais deixou seu lugar de origem e, ainda assim, pode se sentir um estrangeiro entre os seus", pontuou. 


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