Doug Clifford: “Não há nenhuma relação com John Fogerty”

Doug Clifford: “Não há nenhuma relação com John Fogerty”

publicidade

Baterista de 70 anos volta a Porto Alegre após passagem em 2012 Foto: Tim Mosenfelder/ Getty Images Baterista de 70 anos volta a Porto Alegre após passagem em 2012. Foto: Tim Mosenfelder


Era 1995 quando o ex-baixista Stu Cook e o ex-baterista Doug Clifford do icônico Creedence Clearwater Revival (o grupo chegou ao fim em 1972) se reuniram e formaram o Creedence Clearwater Revisited. Convidaram o ex-vocalista John Fogerty, que não aceitou a proposta e ainda iniciou numa batalha judicial que dura até hoje. Em meio há uma trajetória polêmica, o CCR, com repertório carregado de sucessos, faz show nesta quinta-feira em Porto Alegre. Completam o grupo John Tristao (vocais), Kurt Griffey (guitarra) e Steve Gunner (teclado). Por telefone, Doug Clifford falou sobre a relação com o ex-companheiro e sobre o rock nos dias de hoje.

Correio do Povo: O som do Creedence Clearwater Revival não era parecido com o de nenhuma outra banda de São Francisco. De onde vinha a inspiração para as músicas?

Doug Clifford: Oh, obrigado, nós realmente éramos horríveis (risos). Éramos uma banda de rock americano básico, que gostava das raízes da música. Quando nos conhecemos, estudávamos música, então sempre buscamos elementos como musicalidade e harmonia nas nossas canções. Não era nada demais, simplesmente expressão.

CP: Como é a sua relação com John Fogerty?

Doug Clifford: Não há relação nenhuma, nós não nos falamos. Não acho que ele seja uma grande pessoa. Sou muito decepcionado em relação a ele e meus pensamentos não são nem um pouco bons. Na verdade, eu acredito que ele odeia o Stu e eu.

CP: Em 2011 ele disse estar aberto a uma reunião...

Doug Clifford: Sim, nós checamos essa informação e era mentira. Talvez ele só quisesse se promover na mídia e ter o apelo dos fãs e, no final, todos ficamos frustrados. Em 2015, ele abriu um processo contra nós por não pagamento de royalties previamente estabelecidos, mas isso é falso.

CP: Desde 1995, o Creedence Revisited toca os hits do Revival. Você param para pensar na produção dos shows para inovar e entregar uma apresentação diferente para o público?

Doug Clifford: Nós sempre tentamos inovar no palco e no conceito dos shows, mas somos um grupo puramente musical, é isso que importa para nós. Então, além da parte visual, buscamos uma combinação de canções que foram sucesso e de outras faixas para dar ao público o que ele realmente quer: boa música.

CP: Vocês estiveram em Porto Alegre pela última vez em 2012. Quais impressões ficaram daqui?

Doug Clifford: Encantadora, nós amamos a cidade. O hotel era realmente muito bom e os fãs sempre tão empolgados. Para melhorar, Porto Alegre é muito bonita e a comida é boa. Eu experimentei o churrasco de vocês e é muito saboroso, bastante diferente da nossa carne na grelha.

CP: Alguns artistas antigos têm criticado o atual momento da música. Como você percebe o rock nesse cenário?

Doug Clifford: Não é o rei da época. Algumas bandas mais velhas ainda têm um bom apelo popular, com canções imortalizadas e novos lançamentos que lembram esse tempo glorioso, então as pessoas ainda escutam. A maioria dos grupos atuais têm outros interesses, mas alguns têm um bom som que eu gosto, como o Muse.

CP: E como vocês têm se adaptado a tantas mudanças tecnológicas que surgiram desde 95 até agora?

Doug Clifford: Nós sempre tentamos nos adaptar, estamos nos principais streamings e tentamos postar fotos e vídeos, mas temos um pouco de dificuldade. Muitos dos serviços tecnológicos oferecidos tiram o real objetivo e valor da música Eu me pergunto se no meio de tanta coisa não está faltando algo, se as pessoas não se ocupam demais e esquecem de aproveitar a música.

CP: Há planos de lançamento de novas músicas ou álbuns?

Doug Clifford: Hmmm... Sim, talvez. Estamos tentando. Mas não é nada definitivo.

Por Eric Raupp

Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895