João Patrício Herrmann: “Inter não está em situação falimentar, mas o clube merece cuidados”

João Patrício Herrmann: “Inter não está em situação falimentar, mas o clube merece cuidados”

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João Patrício Herrmann (E) acredita na recuperação financeira do Inter, após "sofrimento" - Foto: Inter / Divulgação / CP


O primeiro vice-presidente do Inter, João Patrício Herrmann, concedeu entrevista aos jornalistas do programa Ganhando o Jogo, da Rádio Guaíba, e explicou o déficit de R$ 62,5 milhões publicado pela direção na última segunda-feira. Entre as questões respondidas por Herrmann, estão a mudança na forma de pagamento de dívidas com o governo federal, se o clube corre o risco de ter penhoras e se o departamento de futebol tem dinheiro para melhorar o elenco principal. Confira a entrevista aos jornalistas José Aldo Pinheiro, Cristiano Silva e Carlos Guimarães:

 

Rádio Guaíba: Como o Inter chegou a esse constrangimento de estar no ranking dos mais endividados do Brasil, atrás apenas do Vasco da Gama?

João Patrício Herrmann: Reflexo de um balanço bem feito. Transparente e feito pela quinta empresa do mundo de auditoria. O Inter buscou da forma mais clara possível colocar os números do clube para o público. Essa situação é de conhecimento do Conselho Deliberativo, pois mostramos a projeção de déficit no começo do ano passado. A situação do clube continua bastante complicada e complexa. Merece uma atenção, mas não é o fim do mundo. O Inter não está em situação falimentar, mas o clube merece cuidados.

Apresentamos um balanço diferente daqueles que foram feitos nos últimos anos. A auditoria fez um trabalho muito forte na análise de saldo e números. Encontrou o lançamento grande da dívida do estádio de forma equivocada. Isso levou o clube ao aumento do passivo, mas quer dizer que é do financeiro. É um aumento econômico que será pago ao longo de 20 anos com a cessão do estádio.

 

Rádio Guaíba: Dívidas de curto prazo são de quanto?

João Patrício Herrmann: A publicação do balanço foi para atender única e exclusivamente a lei federal. Ainda precisamos discutir esses números dentro do Conselho Deliberativo. Desde já peço uma compreensão dos conselheiros, pois o Inter está passando por um processo muito complexo este ano. Demorou um pouco o balanço, pois quase 50% do tempo da nossa (equipe), contabilidade e do financeiro, está à disposição do Ministério Público em razão de um processo que corre em sigilo.

Existe uma comissão do Conselho Deliberativo que está permanentemente buscando informações dentro do clube e isso atrasou um pouco mais o trabalho, mas o que mais atrasou foi a mudança de patamar. Hoje o Inter sabe o que é, sabe o seu tamanho e tem os números reais.

Os números assustam? Assustam um pouquinho, mas com o modelo de governança que está sendo colocado, com os ativos do Inter que vão ser agregados… temos um ativo muito importante de atletas. Vamos conseguir sair dessa situação de balanço um pouco fora da expectativa. Com muita tranquilidade, pois o Inter tem muito patrimônio e muita possibilidade de crescimento. Acho que é administrável.

 

Rádio Guaíba: Quais dívidas foram o Programa de Regularização Tributária (Pert)?

João Patrício Herrmann: Não sou financeiro, pois sou um leigo, mas cerca de 20% mudou para o outro programa, pois conseguimos uma redução significativa da dívida enviando para o Programa de Regularização Tributária (Pert). Foi um movimento muito competente do pessoal do financeiro e do jurídico, que acharam essa lacuna e que fez diminuir bastante a dívida junto ao Programa de modernização da gestão e de responsabilidade fiscal do futebol brasileiro (Profut).

Uma coisa muito importante que precisa ser dita: o Inter está regular com todas as certidões negativas de débitos (CNDs). Está com todos salários em dia e com toda a situação administrável.

 

Rádio Guaíba: O clube pode perder o benefício do Profut?

João Patrício Herrmann: Estamos permanentemente com eles. O Profut é uma agência que cuida de mais de 3 mil clubes e entidades e está se estabelecendo no Brasil. Tivemos lá mais do que quatro vezes e eles estão a par da situação do clube. Além disso, estão nos orientando de como fazer os procedimentos interno do clube e esperamos, até o final do ano, estar adequado ao Profut.

 

Rádio Guaíba: Inter corre o risco de perder valores / bens por penhora? Qual a situação que o próximo presidente vai pegar no Inter?

João Patrício Herrmann: Pior do que nós pegamos em relação a penhoras, impossível. Ações que começaram há quatro ou seis anos estão no pico. Os riscos de penhora ainda são grandes. Não pelo balanço, mas devido ao grande número de inadimplência que o clube vinha tendo. Quem assumir o clube no final do ano vai ter o clube com as suas finanças muito em ordem. O futebol, apesar de a bola não estar entrando, mas vai começar, terá uma estrutura física bem melhor, atletas de primeira divisão e vamos passar um clube bem melhor.

O torcedor e o associado precisam saber que vamos ter esse processo de transição. O Inter vai continuar sangrando mais um pouquinho, mas começamos a enxergar uma luzinha lá no fim do túnel. O Inter vai voltar a ter crescimento, mas sustentável. Não adianta dizer que é o Campeão de Tudo e esquecer de fazer o básico.

 

Rádio Guaíba: Inter tem condições de aplicar no futebol?

João Patrício Herrmann: Quem participa da vida do clube, sabe da situação. Uma situação delicada, que merece atenção especial, mas nada que não vai mudar o tamanho do Inter ou a forma responsável que estamos trabalhando em todas as áreas. Eventualmente, vamos cometer erros, pois é normal. Estou muito otimista com o Inter, pois temos condições de construir o CT em Guaíba, explorar o entrono do Beira-Rio e fizemos uma alteração importante no CT do Parque Gigante e que vai nos colocar como um dos melhores do Brasil.

Estamos em situação privilegiada em relação aos outros clubes e o que mudou foi que incluímos no balanço um passivo de R$ 350 milhões que se referem ao estádio. Esse é impacto e o susto inicial, mas tenho certeza que os conselheiros vão entender a situação e serão parceiros do clube. Todo mundo quer o melhor e com esse balanço apresentado e essa devassa fiscal e administrativa que fizemos no clube, com esse reequilíbrio econômico e financeiro, o clube vai sair desta para uma melhor.

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