Márcio Biolchi: "Visita ao Japão nos fará colher frutos no futuro"

Márcio Biolchi: "Visita ao Japão nos fará colher frutos no futuro"

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Secretário Márcio Biolchi participa da missão gaúcha no Japão com o governador José Ivo Sartori. Foto: Karine Viana / Palácio Piratini / CP Memória


Em missão gaúcha no Japão, liderada pelo governador José Ivo Sartori, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciências e Tecnologia, Márcio Biolchi, conversou com a reportagem do Correio do Povo sobre as reuniões que a comitiva teve nestes dois dias com os japoneses para fortalecer os laços comerciais com o Brasil. Ele também falou sobre projetos que o governo pretende criar como polo carboquímico e alternativas para utilização do carvão como fonte de energia no Rio Grande do Sul. 

Correio do Povo: Qual a proposta da criação do polo carboquímico?
Márcio Biolchi: É uma hipótese que nós estamos estudando para utilização desta reserva natural que o Rio Grande do Sul tem. Inclusive corresponde a 90% da reserva brasileira em função do desenvolvimento ecológico que o Rio Grande do Sul pode explorar com sustentação ambiental e responsabilidade ambiental, social e econômica. Da mesma forma que faz com o pólo petroquímico, buscamos alternativas destes recursos naturais tanto como na geração de energia elétrica, que tivemos um belo exemplo no Japão a ser seguido assim como em outros setores como na indústria química.

No decorrer desse segundo semestre, queremos estabelecer através de um projeto de lei as diretrizes básicas para indução desta chance que é o pólo carboquímico para iniciar um marco. Buscar parcerias, investimentos e investidores para que possam perceber no Rio Grande do Sul a alternativa de geração de emprego, renda, riqueza e troca de tecnologia com setor químico com base no carvão e mas também trazendo beneficio para outra matriz.

Correio do Povo: Qual sua avaliação de dois dias de agenda do governo no Japão?
Márcio Biolchi: Pensamos em uma missão que pudesse contemplar mais de um setor. Iniciamos pelo carvão, tivemos um dia dedicado a ele, e agora passamos pra este segundo e terceiro dia para seguir em outros setores. Tivemos reunião com aquilo que se equivale a Confederação das Indústrias no Japão, a nossa CNI no Brasil, com aquilo também que é a APEX no Brasil, Agência de Promoção e Investimento, o mercado exterior aqui no Japão.

Depois no último dia fecharemos em Shiga, com ênfase numa relação com a área ambiental onde temos um projeto que está sendo estudado por instituições de Shiga justamente para manutenção do sistema das nossas lagoas, principalmente no Litoral Norte. Eles têm "know how" muito grande nesta área e uma preocupação com a preservação desta riqueza natural já que o Japão vive sempre na luta desta escassez e demanda.

Agenda tem pontos definidos em relação a nossa presença no Japão, mas ela joga em outros setores possibilidades, busca de fortalecimento nestas relações, pois temos margem para o crescimento. O Japão é a quarta maior economia do mundo, o sexto país mais competitivo, mas em relação ao Rio Grande do Sul, ela é o 21° e 25° em exportação. Então temos uma margem para poder crescer e existe pontos de contato que interessa para o Rio Grande do Sul e pro Japão. O Japão tem uma base industrial muito fortalecida e tecnológica é bem montada, e mais do que exportar produtos, ele procura exportar tecnologia. Isto nos serve, pois esta tecnologia gera produtos em solo estrangeiro, e isto pode ser aproveitado no Rio Grande do Sul, em relação ao Brasil e no Mercosul.

Correio do Povo: Em relação ao modelo de negócios, como se daria esta importação de tecnologia japonesa. Qual recurso e da onde sai a verba?
Márcio Biolchi: O Japão tem por prática buscar financiar seus próprios empreendimentos mesmo no exterior. Existem empresas que possui atuação em vários setores: automotivos, farmacêuticos, tecnológica, industrial, peças e no próprio setor bancário. Nós tivemos uma agenda com o banco Mitsubishi que comprova isso, ela trabalha em várias frentes, inclusive na área bancária. No Japão, assim como aquilo que acontece no Brasil, que muitas vezes os bancos públicos formentam os investimentos. Os próprios privados também fazem isso. E buscam fazer isso fora do solo japonês porque para eles o ganho não está na operação bancária, está na operação ou da indústria ou mercantil ou do serviço. É uma conta que fica muito razoável para o investidor japonês porque ele já é cliente destes bancos e tem investimento em parceria com eles, e estas instituições permitem fazer investimentos no exterior. Isto nos ajuda trazer recursos financeiros, mas também geração de emprego, renda e tributos para que a atividade industrial inerente aconteça.

Correio do Povo: Como se dá o contato com um Ministério de Minas e Energia que também é necessário para uma futura instalação de uma usina termoelétrica no Estado?
Márcio Biolchi: Nós fizemos uma agenda em relação ao ministério que, entre os passos, veio com esta vinda ao Japão. No mês passado, o próprio governador José Ivo Sartori esteve em Brasília uma audiência com ministro de Minas e Energia porque nós estamos trabalhando para que na política energética do País esteja contemplada a matriz do carvão. Isto é importante para o País, mas também para o Rio Grande do Sul. Não um percentual mais elevado, mas a manutenção desse tipo de matriz para geração de energia elétrica. Isto para nós já é suficiente para que possamos ter no carvão gaúcho uma alternativa de geração de energia. Temos uma tecnologia que foi empregada no Japão, em especial depois do acidente nuclear em Fukushima, para buscar uma alternativa sustentável ambientalmente de geração de energia, e o carvão se revelou como uma melhor fonte sustentável e com capacidade de estabilidade, não dependendo de chuvas e nem dos ventos e nem do sol. E agora no retorno ao Brasil temos prevista a vinda do ministro de Minas e Energia para o Rio Grande do Sul para darmos continuidade no que foi iniciado lá em Brasília.

Correio do Povo: As reuniões aqui no Japão têm sido mais diplomáticas do que práticas. Depois de dois dias de reunião, dá para ter um saldo positivo?
Márcio Biolchi: O saldo é positivo. O Japão e o japonês, por cultura, valoriza muito esta presença, olho no olho, aquela solenidade de troca de cartão e assim por diante. Também importante saber que compreendem o Brasil com as dificuldades que o Brasil vive hoje. Sabemos a situação política do País acaba afetando as relações comerciais. A vinda para o Japão ajuda a reposicionar nosso Estado. Ajuda e contribui muito inclusive o posicionamento do Brasil e resgata as intenções de incrementar as relações comerciais com o País. Na nossa avaliação de dois dias de agenda, o saldo foi positivo, e temos convicção de que os efeitos serão sentidos não só na nossa presença aqui no Japão, mas no decorrer aonde vamos colher frutos desta semente que esta sendo lançado.

Por Tiago Medina / Enviado especial a Tóquio

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