Roger Hodgson: “Minhas canções são um alívio para as pessoas”

Roger Hodgson: “Minhas canções são um alívio para as pessoas”

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Foto: Divulgação / CP Foto: Divulgação / CP


O ex-vocalista da banda britânica Supertramp, Roger Hodgson, irá passar por sete cidades brasileiras com a turnê “Breakfast in America” a partir desta quarta-feira, quando se apresenta em São Paulo. A quarta parada desse giro pelo país será em Porto Alegre, na próxima terça-feira, às 21h30min, no Pepsi On Stage (Severo Dullius, 1995). Os ingressos estão disponíveis pelo site e nas lojas Multisom, da rua dos Andradas, 1001. Nesta tour, ele apresenta clássicos como “Hide in Your Shell’, “Had a Dream”, “Only Because of You” e “Along Came Mary” e promete fazer todos voltarem no tempo com músicas que são impossíveis de não serem lembradas. Roger Hodgson nasceu em Portsmouth, na Inglaterra, em 21 de março de 1950 e no palco do Pepsi On Stage estará completando 67 anos. Ele começou a escrever canções aos 12 anos e tocou a primeira vez para público aos 13. Em 1969, ele foi um dos fundadores do Supertramp. Os maiores sucessos da banda foram escritos em sua maioria por ele. A canção "Dreamer", do disco "Crime of the Century" (1973), foi o primeiro grande sucesso comercial. Roger lembra que voltava de uma viagem ao Marrocos no início de 1975 e se surpreendeu com a capa da Melody Maker dizendo que eles eram o número 1 e "Dreamer" era um sucesso e tocava em todas as rádios do mundo. “Foi apavorante e emocionante para mim ter a minha primeira canção de sucesso”, diz. O músico ficou até 1983 com o Supertramp e depois seguiu carreira solo. Já o grupo continuou com Rick Davies e outros integrantes, mas enveredou para um lado mais progressivo e jazzístico, sem tanta pegada pop e lirismo nas letras. O primeiro álbum solo de Roger, “In the Eye of the Storm” (1984) vendeu dois milhões de cópias e ele tocou todos os instrumentos. Depois foram outros três discos de inéditas, um DVD e dois discos com clássicas da sua carreira. Atualmente, ele tem mais de 60 músicas compostas e ainda não gravadas. Nesta entrevista, Roger fala do Supertramp, da mensagem de suas composições, de música brasileira, de espiritualidade e do que tem ouvido atualmente. 

Correio do Povo: Qual o significado das músicas criadas para o Supertramp à época e atualmente?
Roger Hodgson: Todas as minhas canções são extremamente pessoais. Elas dizem muito do que se passa pelo coração, pela alma minha e das pessoas. Em canções como “Dreamer", "The Logical Song", "Give a Little Bit", "Take the Long Way Home" temos a alegria, a dor, a emoção do momento. São canções de manifestações de vivências. As mensagens permanecem as mesmas, mas a vida ao redor era diferente. Acho que ficou mais dolorido, desafiador e difícil viver. As minhas canções são um alívio para as pessoas. Eu sinto isso em relação ao retorno do público. Para mim, como artista, é sempre essencial trazer as pessoas para bem próximo de mim nos discos e nos shows. Nesta turnê pelo Brasil, quero trazer as pessoas para perto e que elas por duas horas se esqueçam de qualquer problema, que mergulhem no universo do Supertramp e do Roger Hodgson, que sejam minhas cúmplices nesta jornada.

CP: A partir da análise de suas composições e de suas entrevistas, percebe-se que a espiritualidade é um dos fatores que dão grande carga a suas músicas. É correto afirmar isto?
Roger Hodgson: Eu não separo o que é espiritual e o que é carnal na minha vida. Tudo na minha vida é espiritual e profundo. Estamos numa grande jornada. Acredito que estamos numa das nossas passagens por este plano. Meu desejo é de servir aos outros com minha música e voltar mais e mais vezes. Precisamos estar a serviço das outras pessoas. Minha missão é esta, a da música, é parte do que eu sou. Estou muito contente de ser músico e poder aprender a conhecer esta vida, o verdadeiro amor, expressando minha vida, minha dor e alegria. Não sou diferente da maioria das pessoas que ouvem canções como “Dreamer” e “The Logical Song” e têm uma transformação em suas vidas durante aqueles instantes. O segredo mais valioso e mágico da vida é fazer algo tocante, que ajude as pessoas a seguir nesta jornada.

CP: O que você conhece da música brasileira?
Roger Hodgson: Para mim, a música brasileira sempre vai representar a alegria, o espírito livre, a celebração da vida, a felicidade mesmo que momentânea. Eu não conheço muita coisa da música brasileira, mas tudo que ouço parece ser feito com alegria, paixão, ânimo.

CP: E sobre o show da turnê brasileira, o que o público pode esperar?
Roger Hodgson: Eu quero que as pessoas tenham as melhores experiências nestes shows, que ponham para fora o amor profundo pelas canções do Supertramp, como eu mesmo tenho. Que ouçam, vejam e sintam “The Logical Song”, “Breakfast in America”, “Give a Little Bit”, “School”,”It´s Raining Again”, “Take the Long Way Home”, com aquele sentimento profundo e também sintam “Lovers in the Wind” e “Only Because of You”, da minha carreira solo. Sou abençoado por poder ainda estar tocando estas músicas e ver o público chorar, rir, cantar e dançar intensamente.

CP: É impossível fugir da pergunta se não há possibilidade de uma reunião com Rick Davies para voltar a formar o clássico Supertramp?
Roger Hodgson: Eu penso que o Supertramp tomou outros caminhos e que sempre é possível. Tento que estes meus shows tenham o espírito daquele Supertramp, que não é mais o mesmo atualmente. O tempo é o único que pode dizer se faremos uma "reunion". Espero que seja possível. Hoje não é.

CP: E os planos para um novo disco?
Roger Hodgson: Atualmente estou focado na turnê, que é bem longa para a minha idade. Depois da América do Sul, teremos Europa e Canadá. Ficamos até outubro na estrada. Tenho umas 60 músicas compostas e ainda não gravadas. Depois da turnê, quero gravar as faixas e aí selecionar o material para um novo CD, quem sabe em 2018. O mercado da música está mudando muito, mas creio que um CD e outros formatos digitais podem estar saindo no próximo ano.

CP: O que você tem ouvido atualmente?
Roger Hodgson: Não tenho ouvido tanta música, mas tem alguns artistas que amo. O duo Secret Garden, formado por uma irlandesa e um norueguês, é um exemplo da mais bela música celta, com requinte musical e que toca o coração da gente profundamente. Outra banda que faz uma música absolutamente elaborada e que passa a mensagem musical e de emoção é o Muse. Gosto muito destes dois trabalhos.

Por Luiz Gonzaga Lopes

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