Silva: “Detesto repetir ideias e fórmulas”

Silva: “Detesto repetir ideias e fórmulas”

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Silva 02 (foto Jorge Bispo) Foto: Jorge Bispo / Divulgação / CP


Considerado um dos principais nomes da nova geração da música brasileira, Silva (o Lúcio Silva de Souza) faz seu primeiro show em Porto Alegre nesta sexta-feira, a partir das 18h, no bar Opinião (José do Patrocínio, 834). Cantor, produtor e multi-instrumentista de Vitória, Espírito Santo, o artista de 28 anos tem três discos lançados e bastante elogiados: “Claridão” (2012), “Vista pro Mar” (2013) e “Júpiter” (2015). O currículo também conta com participações em grandes festivais e parcerias com nomes consagrados como Lulu Santos, Fernanda Takai e Marisa Monte, com que compôs e gravou canções inéditas que ainda permanecem em segredo. Ganhando cada vez mais espaço no cenário nacional, ele também vem recebendo reconhecimento internacional com sua sagaz mistura de música eletrônica com MPB.

Na sua estreia em Porto Alegre, Silva estará acompanhado por Rodolfo Simor (guitarra e synth), Jackson Pinheiro (baixo) e Hugo Coutinho (bateria e baixo). Como conta nesta entrevista ao Correio do Povo, ele também participará da apresentação da banda gaúcha Dingo Bells, que sobe ao palco do Opinião logo após dele para celebrar um ano de lançamento de "Maravilhas da Vida Moderna" com reedição do álbum em vinil.
Ainda há ingressos disponíveis, no valor de R$ 80 (inteira), pelo site ou nas lojas Youcom. Entre o começo na música e o amadurecimento, o artista também comenta a expectativa para este show na capital gaúcha: “Estou bem ansioso para levar meu som para essa terra de gente bonita!”, afirma ele.


Correio do Povo: Você tinha 23 anos quando seu primeiro disco foi lançado. Quando começou seu contato com a música e você percebeu que seguiria um caminho profissional, digamos assim, com ela?
Silva: Comecei muito cedo na música por conta da minha família. Minha mãe é professora de música na UFES e sempre estimulou a gente a seguir esse caminho. Eu só comecei a ter planos de me tornar um profissional da área aos 17, quando entrei para o curso superior de violino. Aí entendi que o negócio tinha ficado sério.

CP: Já no lançamento do seu primeiro álbum, você era apontando como um dos nomes mais promissores dessa atual geração da música brasileira e conquistou de cara um espaço. Isso teve algum impacto no seu trabalho? E como lida com o status de ser visto como um dos principais artistas da nova MPB?
Silva: Esses rótulos me deixaram um pouco atordoado no começo, mas hoje já lido com eles de uma forma bem tranquila. Gosto de deixar as coisas acontecerem naturalmente, sem criar expectativas muito pesadas em cima do meu próprio trabalho. Isso me faz ter mais prazer em tudo que conquisto. Me sinto privilegiado de poder fazer o que mais amo.

CP: E a MPB faz parte de suas referências? Quais artistas e bandas considera que exercem alguma influência no seu trabalho?
Silva: Sim, com certeza. Fui criado com muita música brasileira tocando em casa. Minha trindade da música nacional é João Gilberto, Jorge Ben e João Donato. Esses três mudaram minha vida depois que conheci a música deles.

CP: Você vem fazendo diversas parcerias, incluindo aí nomes já consagrados há décadas. Como são essas experiências para você? É uma forma de aprendizado poder trabalhar com esses artistas? E teve alguma das parcerias que foi mais especial?
Silva: Tive uma sorte grande de conhecer e trabalhar com artistas que ouvi a vida toda. Fiz uma turnê com Gal no ano passado, uma música com Lulu, tive Fernanda Takai no meu segundo disco e agora estou compondo e gravando com Marisa (Monte). Isso há pouco tempo era algo impensável pra mim e agora virou uma realidade que me deixa muito feliz e realizado. Não sei dizer qual parceria foi mais marcante, mas posso dizer que trabalhar com a Marisa ultimamente tem sido uma experiência incrível.

CP: Outra parceria sua é o seu irmão, certo? Como é o processo de vocês escreverem músicas juntos e, de forma geral, toda a parceria de trabalho entre vocês?
Silva: Meu irmão e eu sempre fomos muito próximos e hoje ele não só escreve a maior parte das músicas comigo, como também me empresaria e cuida da minha carreira toda. Lucas tem muito talento paras letras e é o compositor que mais entende o que eu quero dizer.

CP: Do “Claridão” pro “Júpiter” é possível perceber algumas mudanças, como um Silva um pouco menos tímido e mais romântico e direito ao tratar do amor. Essas mudanças foram naturais, dentro do seu próprio processo de amadurecimento, ou foi algo que você achou necessário experimentar?
Silva: Essas mudanças vieram de forma natural. Acho que mudo muito rápido. Depois de um ano já fico cansado do que fiz anteriormente e já quero tentar novos caminhos. Detesto repetir ideias e fórmulas. Acho muito importante respeitar o momento que estou vivendo e passar isso para a música que eu faço. Eu tinha 21, 22 anos quando escrevi as músicas de "Claridão" e ainda não tinha tantas experiências para falar de amor com propriedade. Em "Júpiter" eu já estava um pouco mais vivido. (risos)

CP: Em tempos nos quais a internet exerce tanta força pra divulgação e propagação da música, qual a importância de fazer parte de uma gravadora? E o contrário, o papel da internet pra um artista com gravadora?
Silva: Bom, a gravadora supre uma parte que eu não me considero apto para fazer. Bancam meus álbuns, distribuem o disco físico e cuidam de quase toda a parte burocrática. Eu só preciso me concentrar no que sei fazer de melhor. A internet é importante tanto para artistas de gravadora quanto para artistas independentes. É uma ferramenta de divulgação indispensável.

CP: Na sexta, você vai estrear em Porto Alegre ao lado da Dingo Bells, uma das principais bandas gaúchas da atualidade. Você já tem alguma relação com os guris e com o trabalho deles? Vai ter participação do Silva no show da Dingo e vice-versa?
Silva: Nós ainda não nos conhecemos pessoalmente, mas admiro muito a música deles e vai ser uma honra dividir o palco com esses gaúchos talentosos. Vou fazer uma participação no show da Dingo.

CP: E qual a expectativa para a estreia em Porto Alegre? Já tem bastante contato e retorno do público daqui?
Silva: Eu só fui a Porto Alegre quando toquei com Gal no ano passado e adorei a cidade. Há tempos tenho recebido mensagens nas redes sociais de gaúchos me perguntando quando eu iria a Porto Alegre e agora finalmente vou fazer meu show por aí. Estou bem ansioso para levar meu som para essa terra de gente bonita!

Por Júlia Endress

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