Do verde ao azul, a economia anda
Setores de óleo e gás, pesca e produção de energia elétrica compartilham espaço no mar

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A atividade econômica ganha cores. Na última edição da coluna falávamos de economia verde e hoje vamos esmiuçar um pouquinho a economia azul e o porquê desta expressão. É do mar, por sinal, azul, que muita gente tira o sustento. É no mar que se movimentam setores como os de extração e produção de petróleo e gás, de pesca e de energia eólica, esta gerada por vento. Sim, a fonte eólica offshore é gerada no mar, e é diferente da tecnologia das pás instaladas no solo que a gente enxerga da estrada no caminho para a praia em Osório. A eólica offshore tem pás instaladas na água, em alto mar. Essa modalidade ainda não temos por aqui, é mais comum na Europa, em águas como as da Inglaterra e da Alemanha. No Brasil a lei para esse tipo de empreendimento foi sancionada em janeiro e as expectativas crescem.
Dados do governo federal nos dão uma ideia da imensidão da economia azul. O Brasil tem jurisdição sobre uma área oceânica de 5,7 milhões de quilômetros quadrados, mais da metade da nossa massa terrestre, segundo a Marinha. Dos mares são retirados 95% do petróleo e 80% do gás natural. Na exportação, 95% das mercadorias brasileiras vão para outros países em navios que atravessam oceanos. E não podemos esquecer da pesca. No mundo esse setor gera 100 bilhões de dólares por ano, o equivalente a R$ 580 bilhões. Também as populações que vivem nas regiões costeiras movimentam a economia azul. São 3 bilhões de pessoas no planeta.
Tudo muito bom, tudo muito bem, o mar é uma tremenda fonte de desenvolvimento, mas e a preservação dessas águas para que se consiga continuar aproveitando tudo que oferecem? Por essa razão as próprias empresas que se utilizam de recursos marítimos investem em ciência e pesquisa para que se possa manter um equilíbrio entre explorar e conservar. É preciso estar atento a cada nova extração de óleo, à presença de navios em determinadas regiões de preservação ambiental e assim por diante. Também esse trabalho contribui para um melhor aproveitamento da economia azul. No RS a Furg, de Rio Grande, desenvolve estudos nessa área.
Na prática
O Grupo de Pesquisa em Economia Azul (Gpea) da Furg, de Rio Grande, trabalha com avaliação de impactos sobre o clima e o meio ambiente em portos e em comunidades costeiras, além de estudar a atividade pesqueira e as políticas públicas de saúde e de governança marinha.
O professor Gibran da Silva Teixeira é o coordenador do Gpea. Doutor em Economia pela Ufrgs, ele lembra que empresas como a Petrobras incentivam a pesquisa no país. Quanto ao Rio Grande do Sul, observa: “Acho que é preciso avançar mais, mesmo agora com a expectativa de se prospectar petróleo aqui na Bacia de Pelotas”.
O pesquisador enfatiza que as tecnologias precisam ser sustentáveis quando se pensa em retirar recursos do mar.
“Acredito que se pode avançar muito nessa relação empresa-ciência para que se tenha cada vez mais condições de se extrair recursos marinhos de uma maneira equilibrada”, assinala Gibran da Silva Teixeira.
Já apareceu mancha de óleo na tua praia de veraneio? Se acontecer de novo chama uma patrulha ambiental. Se o universo marítimo possibilita combustível, energia e alimento, é sempre importante lembrar que explorar esses recursos da forma correta é o que vai garantir grande parte do nosso sustento.