Porto Alegre e interior do Estado “fritam” nos últimos dias com temperaturas acima do suportável. O verão cheio de exageros bagunça a vida e a atividade econômica e social. Exemplos? Gasto de energia elétrica disparando, escolas interrompendo o calendário e companhias como as da construção civil se reorganizando para que as equipes aguentem o tranco sob o sol. Em tempos de mudança climática, empresas reveem conceitos e tentam trabalhar em harmonia com a natureza. E aqui entra a expressão que se tornou popular: “economia verde”. Envolve modos de produção menos poluentes nas fábricas, aproveitamento de água, consumo de energia responsável e por aí vai. A ideia é fabricar, vender ou prestar serviços de maneira “sustentável”, sem poluir. Ou na pior das hipóteses, preservar o que ainda não foi destruído.
Países europeus, por exemplo, já exigem há alguns anos que nações com as quais negociam itens como carne, soja ou madeira defendam suas florestas dos desmatamentos e queimadas. Do contrário, não compram o produto. Outro exemplo? As metas das montadoras de substituir carros movidos a combustível fóssil como gasolina e diesel por veículos elétricos, o que reduz a queima no ar. E nas indústrias os próprios processos também mudam na hora de tocar a produção, com uso de fontes como eólica (vento) ou solar.
Entre outros conceitos, o economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS Gustavo de Moraes ressalta a adoção de processos que economizem materiais ou que substituam materiais nocivos para o meio ambiente. E a iniciativa dentro das empresas, enfatiza ele, une dois interesses: o de preservação do planeta e também o econômico. “Gera economia de custos e exerce um poder criativo sobre a sociedade em razão da busca por novos materiais, novas fontes energéticas, novos processos, tecnologias, e com isso você normalmente tem avanços”, avalia. Moraes traz também a expressão “duplo” dividendo. “O dividendo natural e ambiental, mas também o dividendo econômico, no sentido de criar maior valor e maiores oportunidades”, reitera.
Na prática
Empresa “verde” precisa reduzir impactos do seu negócio no planeta. E nesse universo entra aquela regrinha dos três termos com a letra R: reduzir, reutilizar e reciclar.
Nas corporações gigantes são obtidos certificados internacionais que atestam responsabilidade com o meio ambiente. Mas nós, população em geral, também podemos buscar “certificados” a partir de atitudes simples. Como se movimentam pequenas empresas perto de nós?
Aquela loja que recebe do fornecedor caixas com novidades está descartando essas embalagens corretamente depois de arrumar os itens na vitrine?
A padaria ou lancheria onde costumamos tomar um cafezinho com a vizinhança está separando latinhas e garrafas PET?
Há algum tempo comprei um vestido e a vendedora entregou a peça em uma sacola retornável em vez de um saco plástico. De todos os produtos que a loja vendeu, saquinhos voando por aí não fazem parte do cenário.
É pouco? Talvez. O professor Moraes adverte que ainda há dificuldade do consumidor no entendimento sobre preservação: “leva-se um tempo até o ciclo amadurecer”. Ok. Não resisto ao trocadilho e penso que sim, a economia hoje “verde” terá seu tempo de ficar madura.
