Clareza

Clareza

Alina Souza

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Há quem aponte rotas para a paz. Penso eu que cada um faz a sua. Ela pode caminhar junto ao agito da alma envolvida em perguntas de difíceis respostas, desenvolver-se não na ausência de conflitos, mas sim na lucidez sobre eles. Em vez de escape, acredito que a paz consiste no embate com entendimentos, clareza quanto às escolhas, harmonia comigo mesma. E a certeza de que precisamos sempre aprender, seja através de livros e momentos de solidão, seja a partir de diálogos e convivências. Cada um escolhe as ferramentas e suas combinações de acordo com os instantes, pois — ainda bem — oscilamos. Existirão dias em que o desejo de estar rodeada de amigos será intenso, assim como períodos em que predominará a vontade de estar só, concentrada em leituras, hipnotizada por pensamentos soltos. Somos feitos de frente e verso, capa e contracapa, folhas amareladas e outras recém impressas, mescla de capítulos longos, curtos, inconclusos. Quando lemos nossas histórias, descobrimos que a paz nunca foi fuga da luta. Pelo contrário, sobrevive entre vestígios do esforço e até mesmo na face do desgaste, no enlace, no encontro com os valores despertos entre as páginas que outrora tememos virar.


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