Homenagens
Observei pessoas em seus momentos de carinho com familiares que partiram, olhei para o céu azul, abracei a vida e seus fundamentais lutos inscritos no corpo, na estrada, na paisagem.
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Eu quis me demorar na reportagem do Dia de Finados cumprida no meio desta semana que passou, passou feito uma avalanche de informações, e me senti profundamente perpassada. Lá fora, uma confluência de sons, movimentos, ânimos exaltados. Nos cemitérios, silêncio, memória, homenagens, espiritualidade. Entre túmulos e flores, sussurra a conformação — afinal, a vida escapa do controle. Perigosa é a miragem do controle: embrutece, corrompe, radicaliza. Radicais se apaixonam demasiado e a paixão se apodera do senso de questionamento. O mundo é muito grande, não vale a pena ficar com as vistas presas em objetos fixos. Andei, observei pessoas em seus momentos de carinho com familiares que partiram, olhei para o céu azul, abracei a vida e seus fundamentais lutos inscritos no corpo, na estrada, na paisagem. Tantas vezes precisamos dar espaço para o tempo atuar. Tememos os términos e, sim, eles são dolorosos. Depois suavizam-se, feito linhas que se enroscam em outros fios e formam ninhos abrigos de novos planos, despidos, enfim, da insistência de controlar.