Revitalizar

Sempre gostei do verbo construir. Quando criança, eu dizia que queria me tornar servente de obras, fascinada em fazer surgir edificações que comportassem sonhos de toda a gente. Entristece-me ouvir alguns adultos censurando tais devaneios: “não, filho, assim você será pobre”. Mal sabem eles que as vocações não se limitam a funções. Bem, mas voltando ao verbo construir. Hoje encantam-me também os verbos reformar, revitalizar. Temos um prédio pronto, com alicerces firmes, porém as vivências deixam marcas, gretas, feridas. Destruir tudo, mesmo com a base segura e intacta? Melhor é reforçar paredes, reorganizar espaços, reavivar cores. Cantar e sorrir, porque restaurar é um novo começo, um novo cenário para as histórias que estão por vir. Na foto, funcionário envolvido nas obras do Paço Municipal de Porto Alegre. Que venham mais lugares bem cuidados. Sobretudo a nossa vida, sede de tantos acontecimentos decisivos, merecedora de capricho em suas aberturas, para que enxerguemos melhor o mundo lá fora — e para que o mundo dirija as vistas ao nosso interior e perceba o quão valiosa é a preservação dos ambientes tomados de amor e humanidade.