A morte (e a avaliação) de Puccini

A morte (e a avaliação) de Puccini

A edição do dia 2 de dezembro de 1924, terça-feira, noticiava

Juliano Bruni

O falecimento do renomado compositor italiano Giacomo Puccini ganhou destaque na edição do Correio do Povo, mas a crítica à sua arte foi severa: "Puccini nunca teve uma grande ideia a traduzir na linguagem dos sons". Essa avaliação provocou a reação de leitores apreciadores do músico

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“Faleceu nesta capital [Bruxelas], o maestro Giacomo Puccini, autor de peças líricas e senador do Reino.

“O governo italiano resolveu fazer as despesas com os funerais [...]. O sr. Mussolini telegrafou ao embaixador da Itália em Bruxellas comunicando essa decisão e encarregando-o de representar a Itália nos funerais.

“O corpo do maestro Puccini será trasladado para a Itália no dia 1º de dezembro.

“N. da R. — Giacomo Puccini nasceu em Luca, no ano de 1858. Descendente de uma família de músicos, cursou o conservatório de Milão [...]. Tornou-se popular na Itália, de onde o seu nome irradiou rapidamente para o estrangeiro e especialmente para a América. Escreveu [...] várias obras para teatro lírico, entre as quais Le Villi (1884), Edgard (1889), Manon Lescant (1893), La Bohême (1897), Tosca (1900), Madame Butterfly (1904), La fanciulla del West (1912) e ultimamente um tríptico cênico de êxito duvidoso. Sua música, que rompeu as tradições da escola italiana, deixando-se influenciar pelos compositores franceses ...] não tem destes, todavia, o estro poético, a sobriedade, o sentimento de proporção. [...] Puccini nunca teve uma grande ideia a traduzir na linguagem dos sons. [...] Era o músico da moda, e por isso mesmo, o músico para as mulheres. E a melhor prova disso está na escolha dos assuntos para as suas óperas, que sempre obedeceram a influências estranhas à arte, tendendo nas últimas fases da vida para os exotismos do Japão e do Far West [...] No elenco dos mestres italianos, o seu nome ocupa plano inferior. [...]”

México

“O novo presidente da República, sr. Calles, prestou juramento do cargo.

N. da R. — O general Plutarcho Elias Calles foi eleito presidente do México em 6 de julho do corrente ano. Sua ascensão ao governo da grande República neo-espanhola da América do Norte vai revelar uma originalidade na administração pública, porque será a primeira vez em que, [...] em terra americana, se iniciará um governo acentuadamente socialista [...] afirmou que seria [...] um chefe de governo amigo dos operários [...]”

Voto feminino

“Na sessão de hoje da Câmara dos Deputados, foi justificado um projeto do sr. Basilio de Magalhães concedendo o direito de voto às mulheres. O projeto determina uma série de condições pelas quais as mulheres poderão desempenhar as funções de senador, deputado e até de presidente e vice-presidente da República. [...]”

Polícia baiana

“Chegou ontem a esta capital Porto Alegre], como era esperado, o contingente da polícia baiana que vem cooperar para a debelação do atual movimento revolucionário. [...] Forma ela um total de 700 homens [...]”

O dia 2 de dezembro na história

  • 1766 O parlamento sueco transforma a liberdade de expressão como lei fundamental, tornando o país o primeiro a garantir a livre manifestação.
  • 1804 Em Notre Dame, Napoleão Bonaparte coroa a si mesmo como Imperador dos Franceses.
  • 1823 O presidente americano James Monroe proclama a Doutrina com seu nome, declarando neutralidade futura em conflitos europeus e alertando a não interferir nas Américas.
  • 1825 Nasce no Rio de Janeiro o futuro imperador do Brasil Dom Pedro II.
  • 1845 O presidente americano James K. Polk propõe o conceito do Destino Manifesto, a ideia de que os colonos americanos estavam fadados à expansão ao oeste.
  • 1851 O presidente francês Luís Napoleão Bonaparte dá um golpe e derruba a Segunda República francesa, proclamando-se imperador no ano seguinte.
  • 1923 Nasce em Nova Iorque a soprano greco-americana Maria Callas.
  • 1937 O presidente Getúlio Vargas assina decreto extinguindo todos os partidos políticos, pregando “contato direto com as massas”, efetivando o Estado Novo.
  • 1947 Revoltas árabes explodem em Jerusalém em resposta ao plano da ONU de divisão da Palestina.
  • 1950 Guerra da Coreia: as forças da ONU são complemente expulsas do território do norte coreano.
  • 1956 Fidel Castro, Che Guevara e outros 80 combatentes desembarcam do navio Granma para iniciar a Revolução Cubana.
  • 1971 Seis emirados se tornam independentes da Grã-Bretanha e formam os Emirados Árabes Unidos.
  • 1991 O Canadá e a Polônia são os primeiros países a reconhecer a independência da Ucrânia da URSS.
  • 1993 O narcotraficante colombiano Pablo Escobar é baleado e morto pela polícia em Medellin.
  • 2001 A companhia americana Enron declara falência, desencadeando um escândalo internacional.
  • 2020 A cannabis é retirada da lista das drogas mais perigosas pela comissão da ONU sobre narcóticos.


* A grafia está atualizada para as normas atuais, à exceção dos nomes próprios


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