Imigração: ‘colonizar é produzir’
* O Correio do Povo não circulou no sábado, dia 11 de abril de 1925. Propomos aqui a recuperação de parte do artigo especial de Geraldino Silveira sobre a necessidade de imigração para o país, uma candente questão que assolava o Brasil de inícios do século XX. O texto foi publicado na edição do Correio de 8 de abril de 1925, à página 3.

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“[...] O problema nacional máximo em nosso meio será, uma vez mais o repetimos, a colonização em grande escala. Colonizar é produzir. Só o exercício enérgico do trabalho, trabalho veemente, tirará do seio da terra dadivosa a alimentação que escasseia e a fonte de receita que o tesouro público reclama. O ‘imigrante’, portanto, está na ordem do dia. Onde, pois, buscá-lo? Da Itália, por exemplo, seria o do imediato alvitre, tal o valor que representa na exploração agrícola do país. Não é, entretanto, tão acessível como fora desejável. A expansão imigratória da península, cada vez mais disseminada, abrange limites longínquos, desde a América aos confins da Ásia, da Austrália às possessões da África, num vasto percurso de ativa e inteligente penetração. Voltará, devemos desejá-lo, a dirigir-se com mais frequência ao Brasil, onde é bem sucedida. De Portugal, não é provável. A velha metrópole, apesar dos laços que nos ligam, tão íntimos e bem constituídos, tem, como tantas outras nações, as suas vistas no panorama colonial da África. Para ali, é de crer, enviará o sobrante da população. Além disso, não é um contingente perseverante de colonização. Mais ou menos como o espanhol no Prata, se dedicam ao comércio, à atividade das empreitadas, de preferência à sede colonial. Da Alemanha? Da Polônia? De ambos países, como se sabe, já contamos com centros valiosos de população meritória, no Paraná, Santa Catarina e em nosso Estado. Mas nem um, nem outro são para o Brasil bases efetivas de irradiação imigratória. Apenas atuam na escala moderada do grupo isolado, vindo espontâneo ou atraído ao encontro de periódicas iniciativas locais. Entretanto, esses Estados da União, pelo clima e riqueza natural, foram e serão sempre uma região desejável da imigração europeia de boa origem, capaz de satisfazer ao mais exigente confronto da preferência étnica. Temos, em última análise, o enigma do Norte. Onde encontrar o elemento racial capaz de adaptar-se com a energia necessária ao clima áspero, ao meio inexperiente, aos ínvios sertões, sem vias fáceis de transporte, sem ter ainda a base do núcleo colonial, acolhedora e conciliada? E a terra fértil, e as três colheitas por ano, e o futuro imenso desse ‘hinterland’ nacional, aconselha, requer a todo transe, um grande impulso de colonização. Venha de onde vier o imigrante. Dele se precisa e com ele nos acharemos, mais cedo ou mais tarde, reconstituído e feliz, nos hábitos do país, no idioma, no sentimento nacional, nas aspirações de progresso. Porque essa é a lei social e humana que regula a constituição dos povos adaptados ao meio, como a semente à terra. É o que, no seu duplo objetivo, terá o país que investigar e resolver, como dois termos que se repelem: imigração e carestia. — Geraldino Silveira. Abril, 1925”
O dia 11 de abril na história
- 1909 A cidade de Tel Aviv é fundada por residentes judeus.
- 1935 Conferência na cidade italiana de Stresa entre a Grã-Bretanha, a França e a Itália condena as violações do Tratado de Versalhes pela Alemanha.
- 1945 Forças americanas liberam o campo de concentração de Buchenwald.
- 1952 Rebeldes tomam o Palácio Quemado, em La Paz, durante a Revolução Nacional Boliviana.
- 1957 A Grã-Bretanha aceita o autogoverno de Cingapura.
- 1961 Começa em Jerusalém o julgamento do oficial nazista Adolf Eichmann.
- 1964 O marechal Castelo Branco é eleito presidente do Brasil pelo Congresso, o primeiro mandatário após o golpe militar.
- 1979 O ditador de Uganda, Idi Amin, é deposto em meio à guerra contra a Tanzânia e opositores ugandeses exilados.
- 1981 Confrontos entre grupos de jovens negros e a polícia em Brixton, no sul de Londres, deixa centenas de feridos.
- 1985 Morre em Tirana o líder comunista da Albânia, Enver Hoxha, após 40 anos no poder.
- 1987 Acordo entre o ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres, e o rei Hussein da Jordânia é assinado em Londres.
- 1987 Morre em Turim o escritor, químico e sobrevivente do Holocausto Primo Levi, autor de “É isto um homem?”.
- 2002 Cerca de 200 mil pessoas marcham em Caracas pedindo a renúncia do presidente venezuelano Hugo Chávez; 19 manifestantes são mortos; golpe de estado afasta Chávez por 47 horas, mas o presidente retorna ao cargo com o apoio popular e de militares.
- 2007 Morre em Nova Iorque o escritor americano Kurt Vonnegut, autor de “Matadouro 5” e “Café da Manhã dos Campeões”.
* A grafia está atualizada para as normas atuais, à exceção dos nomes próprios