A traição do queridinho

A traição do queridinho

Sempre ouvi de Koff que, em futebol, é cada clube por si e Deus por todos

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Uma noite qualquer de agosto de 2017. Ao lado do editor de esportes Carlos Corrêa e do fotógrafo Ricardo Giusti, sou recebido pelo querido amigo Fábio Koff em seu apartamento para uma conversa de mais de quatro horas, a última grande entrevista que o eterno presidente do Grêmio daria, pois viria a falecer em maio de 2018. O trecho que segue é quando Koff falou como se dava a distribuição de cotas da TV.
“No processo de distribuição, eu sofri um desgaste muito grande. Quando eu saí, que extinguiram o Clube dos 13, neste processo de distribuição, eu estava começando a valorizar o desempenho técnico. Não interessava se fosse o Avaí que saísse campeão brasileiro. Eu ia pagar a cota igual para todo mundo e o resto seria no desempenho técnico, o que não agradava à Globo, porque ela estava introduzindo o pay-per-view e a telefonia e tinha clubes com apelo como Flamengo e Corinthians. Estamos em plena competição do Campeonato Brasileiro e a manchete da Globo todo dia é o Flamengo. ‘Flamengo em crise’. ‘Flamengo tem novo treinador’. Não tenho certeza, mas o Flamengo deve ganhar R$ 150 milhões de cotas de TV. O Grêmio recebe R$ 60 milhões.” 
Desunião I
Sempre ouvi de Koff que, em futebol, é cada clube por si e Deus por todos. Os atuais dirigentes de Grêmio e Inter também pensam assim. Até os quero-queros de Paraíso sabem que Flamengo e Corinthians moram no coração da Globo. Pois foi justamente o queridinho da TV que lhe cravou um punhal, atropelando tudo e todos.
Desunião II
Os indicativos são de que Flamengo deu a dica para que o governo federal editasse a MP determinando que o clube mandante passa a ser o detentor dos direitos de transmissão e que empresas produtoras de conteúdo jornalístico possam patrocinar equipes esportivas, e essas estamparem suas marcas nas camisas.
Desunião III
A MP pode ser derrubada, e é cedo para se avaliar suas consequências. Pode até ajudar os grandes. A questão é outra. O Flamengo fez tudo sozinho. O tiro atingiu a Globo e respingou nos demais clubes, tomados por espanto. Para alimentar a briga com a TV, o presidente Bolsonaro não consultou os demais interessados. Estes, que se danem


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