Ainda falta muito

Ainda falta muito

A luta contra a homofobia nos estádios mal está começando

Carlos Corrêa / Interino

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"Série C do c... Vai tomar no c...Time de veados”. Assim, abraçado a um torcedor, o volante Fellipe Bastos comemorou o título do Vasco na Taça Guanabara domingo. Poderia ter comemorado de milhares de formas, poderia ter exaltado a campanha vascaína na competição, a única 100% até o momento. Mas não, mas preferiu xingar o Fluminense. E no mundo do futebol, nada mais clichê do que ofensas de cunho homofóbico. Afinal de contas, quantas vezes você já ouviu coisas do tipo “Ah, mas estádio é onde a gente pode extravasar” ou “Que saco essa coisa de politicamente correto”? Não foram duas ou três, estou certo? Nada mais clichê também do que um vídeo burocrático pedindo desculpas após perceber que a recepção foi a pior possível. “Gostaria de pedir desculpas a todas essas pessoas que se sentiram ofendidas, nasci e fui criado num futebol onde podia brincar, com alegria, mas foi um momento em que extravasei e atrapalhei um pouquinho”, justificou. Bem mais do que um pouquinho, Fellipe, bem mais. Se a luta contra o racismo no futebol ainda está longe do fim, a impressão é de que a batalha contra a homofobia nos estádios mal está começando e terá uma resistência muito maior, uma vez que basta conviver um pouco no meio do futebol para perceber que este tipo de preconceito está muito mais enraizado do que se pensa, começando por dirigentes, treinadores e jogadores. Não é surpresa alguma que encontre tanta ressonância na torcida. De qualquer forma, difícil ou não, é uma batalha que precisa ser lutada. E já que é para ser lutada, que a briga contra o preconceito comece o quanto antes.


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