Hiltor Mombach

Como a gestão Guerra será lembrada?

Vai tempo disparei aqui uma pergunta: como Romildo Bolzan será lembrado? Faço a mesma pergunta agora

Em 2003, Flávio Obino assumiu como presidente do Grêmio no lugar de José Alberto Guerreiro.
Entre as heranças, pegou uma folha mensal superior a R$ 2 milhões e alguns jogadores recebendo mais de 200 mil dólares por mês.
Sem grana e com o clube falido, reduziu a folha para R$ 500 mil.
Ficou marcado como o presidente que levou o clube para a Série B. Essa verdade sepulta todo o restante de sua gestão, que revelou Cássio, Lucas, Carlos Eduardo, Léo, Felipe Mattione e Anderson.
Vieram depois Paulo Odone (2005 a 2008) e Duda Kroeff (2009 e 2010), apagadores de incêndio. Odone retornou (2011-2012) e, no final desta gestão, terminou de pagar o funesto, mas salvador, condomínio de credores.
Fábio Koff (2013-2014) deixou um déficit superior a R$ 30 milhões. Romildo (2015 a 2022) também saiu deixando o Grêmio no vermelho, um déficit de R$ 96,3 milhões.
MÉRITO E DEMÉRITO
Vai tempo disparei aqui várias perguntas: como Romildo Bolzan será lembrado?
Pelo passado ou pelo presente? Lembrei dos títulos da Libertadores, Copa do Brasil e da Recopa e do rebaixamento. Romildo será perpetuado pelo demérito e saqueado em seu mérito?
Dormirá chumbado ao epíteto "o presidente que rebaixou o Grêmio", sepultando o restante de sua gestão? Nas redes sociais, transformadas, Romildo será eternamente execrado, espinafrado, desrespeitado.
Romildo é protagonista de uma tragédia? Sim! Mas Romildo também é protagonista de façanhas que ficarão registradas na história do Grêmio.
Do vencedor e das vitórias poucos lembram.
Do perdedor e das derrotas ninguém esquece
Volto a disparar a mesma pergunta, mas com outro protagonista: como o atual presidente do Grêmio, Alberto Guerra, será lembrado?
GESTÃO DA ARENA
A gestão Guerra ficará marcada pela compra da gestão da Arena.
Não foi ele o comprador nem o Grêmio.
Foi o empresário Marcelo Marques.
Porém, a compra se deu na sua gestão.
O reflexo de acontecimento tão extraordinário ainda não pode ser medido completamente.
Por ano, o clube deixará de repassar R$ 24 milhões para a Arena Porto-Alegrense, ou OAS, por conta da migração dos sócios.
Estima-se que ficará com cerca de R$ 30 milhões/ano da bilheteria. Como o clube assume a gestão em 1º/11 ficará com a bilheteria de quatro jogos deste Campeonato Brasileiro. A Arena terá dois mil lugares a mais e gramado novo. Entre as melhorias, foram gastos R$ 12 milhões.
A gestão deixa uma base boa e um cheque em branco: Gabriel Mec. Nesta semana o The Guardian trouxe reportagem com a manchete "Próxima Geração 2025: 60 dos melhores jovens talentos do futebol mundial". Diz que o Grêmio "ostenta o atacante mais celebrado da geração de 2008 do país."
FUTURO
O próximo presidente assumirá um clube com autonomia para gerar o estádio, fixar preços para ingressos e associados e sem o compromisso de todos os meses ter que depositar R$ 2 milhões por conta da migração dos sócios. A bilheteria é importante. Não há os números da OAS. Tomo como base os do Inter. Pelo orçamento de 2025 espera faturar R$ 21 milhões, R$ 10 milhões com o Brasileiro.
A bilheteria depende de muitos fatores. Um deles é o time estar classificado para a Libertadores, que garante muito público. O outro é o desempenho na Copa do Brasil.

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