Como Romildo chegou ao CA

Como Romildo chegou ao CA

Quem conta, de forma inédita, é Evandro Krebs, conselheiro do clube e que trabalhou diretamente em todo o processo de vistoria de recebimento da Arena

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Como se deu formação do Conselho de Administração do Grêmio no retorno de Fábio Koff? Como se chegou ao nome de Romildo Bolzan? 
Quem conta, de forma inédita, é Evandro Krebs, conselheiro do clube e que trabalhou diretamente em todo o processo de vistoria de recebimento da Arena. As não conformidades apontadas no laudo pericial de sua responsabilidade valeram ao Grêmio cerca de R$ 30 milhões na renegociação final com a OAS. Parte do valor foi investido na construção do CT Luiz Carvalho. 
Segue o relato.
"Com a dissolução do Clube dos 13, Koff comprou um conjunto comercial na rua Mariante. Ali começou a ser estudada, planejada e executada toda a campanha eleitoral para o retorno ao Grêmio. O idealizador do projeto era o Remy Accordi, mas o comando sempre foi de Koff.
Ele havia ficado muito tempo afastado da política do clube, sem ter acompanhado o período de surgimento dos movimentos. Fui chamado para apresentar um diagnóstico, os grupos políticos e principais lideranças.
A composição da chapa do Conselho de Administração se inicia com dois nomes previamente escolhidos por Koff: Renato Moreira e Marcos Herrmann. O terceiro escolhido foi o de Adalberto Preis.
Era preciso trazer, na medida do possível, movimentos de oposição e que tradicionalmente estariam apoiando o candidato opositor, Paulo Odone. O primeiro turno das eleições era no âmbito do Conselho Deliberativo, onde havia cláusula de barreira a ser enfrentada.
Koff convidou Antônio Vicente Martins e depois Homero Bellini para compor a chapa, mas com a condição de adesão do MGI, Movimento Grêmio Independente, ao qual integravam e que era à época o maior movimento oposicionista. Ambos declinaram do convite.
Então, a estratégia foi de convidar nomes ligados aos principais grupos políticos de oposição, Grêmio Independente e Grêmio Novo, independentemente do apoio dos grupos, pois a ideia era dividir, já que o todo se mostrava distante. Com os nomes das principais lideranças no mapa estratégico, Koff escolheu Nestor Hein, então, do MGI. Nestor aceitou, desligou-se do grupo, mas trouxe consigo o apoio de parte do MGI.
Preis sugeriu uma conversa com o então presidente do Grêmio Novo, Odorico Roman, que era muito bem relacionado com os blogueiros gremistas. Desta conversa surgiu o quinto nome, Odorico.
Faltava um nome a ser escolhido e entre os grupos políticos que ainda não estavam representados. A estratégia apontava para alguém que integrasse ou tivesse trânsito nos movimentos Grêmio Unido e no grupo do ex-presidente Hélio Dourado. Koff me chama para dizer que estava pensando num determinado nome do Grêmio Unido, pedindo opinião e sugestão. O nome era bom, mas não tinha tanta representatividade. 
Sugeri que conversasse com Romildo Bolzan Jr, por exemplo, que além de ser uma liderança política importante, era também um nome que tinha bom trânsito interno no Grêmio, além de uma ligação forte com o presidente Cacalo, de quem estava um pouco distanciado à época.
- “Romildo não vai largar a política e esta é uma condição que não abro mão.”
- “Podemos sondar”, presidente, foi a minha resposta.
No mesmo dia, por volta de 15h, Koff me liga e pede para ir no seu escritório: “Podes sondar o Romildo.”
Na mesma hora, liguei para o Gustavo Schmidt pedindo, então, que fizesse uma sondagem junto ao Romildo se ele largaria a política temporariamente, caso surgisse convite para integrar o CA. Gustavo deu o retorno dizendo que havia conversado com Romildo e que este teria dito que seria uma grande honra, um sonho, estar numa diretoria comandada por Fábio Koff.
Sugeri que Koff convidasse o Romildo para um jantar, junto com o Cacalo, e que neste encontro, sendo positiva a conversa, fizesse oficialmente o convite para ser um dos vices. Num conhecido e discreto restaurante, iniciamos uma longa conversa: Koff, Cacalo, Romildo e eu.
Após duas horas de uma boa conversa e um bom vinho, Koff convidou e Romildo aceitou integrar a chapa, que estava pronta com Fábio Koff (presidente) e os vices, Renato Moreira, Marcos Herrmann, Adalberto Preis, Nestor Hein, Odorico Roman e Romildo Bolzan Jr."


Hiltor escreve. A declaração de Krebs tem valor inestimável. Agora se sabe que ele foi o responsável pela indicação de Romildo para o Conselho de Administração. Romildo viria a ser depois o presidente do Grêmio. Krebs era dado como nome certo para compor o CA de Romildo. Mas na última hora foi preterido por motivos até hoje não bem esclarecidos. Coisas do futebol. Coisas da vida.


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