Como Romildo será lembrado?

Como Romildo será lembrado?

Não há nenhuma complexidade no comportamento do ser humano: ou você é vencedor ou é perdedor. Do vencedor, poucos lembram. Do perdedor, ninguém esquece

Hiltor Mombach

Romildo Bolzan Júnior concedeu entrevista na Rádio Guaíba

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Diz o ditado que "o que não tem solução, solucionado está". O Grêmio está rebaixado. Ponto final. Pela terceira vez na sua história disputará a Segundona.

É evidentíssimo que caiu por vários motivos. Escolha um. Sem nenhuma cerimônia, há entendidos que culpam os cinco anos de superávit. Sim, sucumbiu pelo excesso de dinheiro. Tivesse passado o pires na rua da Praia e estaria salvo. Mendigar é a solução!

Volta e meia cito uma frase do genial Nelson Rodrigues: “O patético de nossa época é que o passado se insinua no presente e repito: a toda hora e em toda parte, a vida injeta o passado no presente”. 

Como Romildo Bolzan será lembrado: pelo passado ou pelo presente?

Presente que logo, logo, também será passado. Será lembrado pelos títulos da Libertadores, Copa do Brasil e Recopa ou por ter rebaixado o Grêmio? Romildo será perpetuado pelo demérito e saqueado em seu mérito? Dormirá chumbado ao epíteto "o presidente que rebaixou o Grêmio", sepultando todo o restante de sua gestão?

Eis que surge, numa sentença de Nelson Rodrigues, a crudelíssima realidade: “Pode parecer uma verdade exagerada, violentada, mas eu diria o seguinte: no Brasil, a glória está mais no insulto do que no elogio. Se não me entendem, paciência. Mas ouçam uma boa e honrada conversa de brasileiros com brasileiros. Reparem como nós cochichamos o ditirambo e berramos o ultraje. Por coincidência, só ultrajamos os melhores.”

Diria, sem cometer uma verdade exagerada na comparação, que a gestão Romildo imita a vida. Este Romildo chumbado ao inferno da Segundona, cúmplice de uma tragédia digna de velório, num passado não tão distante desfilava com a pompa dos heróis e surgia como o favorito do torcedor para governar o Estado. Não há nenhuma complexidade no comportamento do ser humano: ou você é vencedor ou é perdedor. Do vencedor, poucos lembram. Do  perdedor, ninguém esquece.


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