Como se montava um time antigamente?

Como se montava um time antigamente?

Hoje, o sistema de comando do futebol é híbrido. Na ponta, presidente e vices trabalhando sem remuneração. Abaixo, profissionais remunerados.

Discretamente, Fábio Koff faz contatos visando eleições

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Como se montava um time antigamente? Quem montava o time? Os mais veteranos como eu sabem que o futebol já viveu o tempo glamouroso do amadorismo de cabo a rabo. 
Hoje, o sistema de comando do futebol é híbrido. Na ponta, presidente e vices trabalhando sem remuneração. Abaixo, profissionais remunerados.

É difícil dividir o antes e o depois, quando termina a era completamente amadora desta atual mais profissionalizada, remunerada. Muito bem remunerada!
Acho que não cometo um pecado se disser que as gestões mais amadoras, deram ao Grêmio um Mundial, duas Libertadores, dois Campeonatos Brasileiros e quatro títulos da Copa do Brasil. 

E para o Inter, um Mundial, duas Libertadores, uma Sul-Americana, duas Recopas, uma Copa do Brasil e três Brasileiros.

Aqui, volto no tempo. Para entender como se montava um time em tempos não tão antigos assim publico novamente trechos de uma entrevista realizada com Fábio Koff.

11/08/2017
Dia 11 de agosto de 2017. Às 20h lá estava este colunista acompanhado pelo editor Carlos Corrêa e pelo fotógrafo Ricardo Giusti tocando a campainha do elegante apartamento no bairro Rio Branco. Quem abre é Fábio Koff. 
Entre tantos assuntos (a entrevista deveria ser guardada no museu do Grêmio) Koff relatou como aconteceu a montagem do time de 1995. Para refrescar a memória: naquele ano o Grêmio conquistou o bicampeonato da Libertadores, no ano seguinte seguiu dando frutos com o bi do Brasileiro e em 1997 foi tricampeão invicto da Copa do Brasil. Para os analistas, tratava-se de uma máquina.

“Danrlei vinha da base. O Arce foi um telefonema espontâneo e desinteressado do Valdir Espinosa, que tomou a iniciativa de me indicar o Arce, que jogava lá no Paraguai. Rivarola eu fui comprar por indicação do Felipão. O Adílson voltou do Japão e estava com problemas de lesão, já tinha passado por cirurgias. Roger também estava na base. Roger, na verdade, foi escolhido pelo Felipão que viu ele treinando em um grupo escolar. 

DINHO
O Dinho foi uma destas coisas do futebol. Em um domingo, estava veraneando em Torres e recebi um telefonema do então presidente do Santos, que me contou que havia esgotado as tratativas com um jogador e se havia interesse da nossa parte nele, que me vendia por R$ 300 mil. Eles tinham feito uma operação e precisavam de R$ 300 mil. Tá bem, eu compro. Comprei e aí que telefonei para o Felipão: ‘Temos centromédio. Contratei o Dinho, que era do São Paulo, do Santos’. Ele então respondeu: ‘Me serve’. Isso foi num domingo. 

Na quarta-feira, o Grêmio ia jogar em Belém do Pará e fui junto. Aí quando fomos treinar, estava terminando o treino do Remo. O Felipão então chegou para mim e disse: ‘Presidente, o senhor não quer dizer para o Verardi ver se este rapaz, o Goiano, não quer ir lá para o Grêmio? Este me serve, eu fico com a meia cancha da Libertadores do São Paulo, me serve’. Aí avisei o Verardi para já colocar uma passagem à disposição dele. Há coisas que acontecem no futebol que não têm explicação.

JARDEL E PAULO NUNES
E bem... Jardel. Vamos ao Jardel. O Felipe não estava bem no Grêmio e achava que iam colocar ele na rua. Então queria falar comigo, chamei então para almoçar comigo. Almoçamos e ele me pediu para ligar para o Eurico Miranda porque o Vasco estava emprestando um centroavante que interessava ele, o Jardel. O Vasco estava emprestando ele parece que para o XV de Piracicaba. Peguei e liguei para o Eurico: ‘Tu tens um jogador aí que me interessa. Não faz negócio ainda, espera um pouco que vou definir, mas quero esse jogador’. Ele me perguntou quem era e quando disse que era o Jardel ele só falou: ‘Leva esta m... Ontem, quando anunciaram o nome dele no banco de reservas já foi vaiado’. E veio assim o Jardel. 

O Paulo Nunes veio na transação do zagueiro Agnaldo. Fui fazer negócio lá no Flamengo e eles tinham uma lista com cinco jogadores. Na hora que estava saindo no pátio, o Paulo Angioni me cumprimentou e me disse para levar o Paulo Nunes e o centroavante Magno. E vieram os dois.  Para ver como acontecem essas coisas.”


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