Forlán no site da Fifa

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Que Diego Forlán deixaria o vestiário contente, era algo previsível. O Uruguai, afinal, vinha de vencer um jogo dificílimo e decisivo contra a Nigéria e ele, em seu 100° jogo pela seleção - um recorde -, marcou o golaço que garantiu os 2 a 1 e deixou a equipe a um passo da semifinal da Copa das Confederações da FIFA. Mas não era só isso.


Ao subir as escadarias que o traziam da entrevista coletiva em que recebeu o prêmio de Craque do Jogo Budweiser, Forlán estava agitado: queria de qualquer jeito que alguém lhe conseguisse a bola com que marcou aquele segundo gol. Foi seu 34° com a Celeste – outro recorde -, mas ele sabia que aquele era especial. Para o time, coletivamente, e para ele.


“Hoje eu quero levar tudo para casa”, disse o camisa 10 ao FIFA.com, pouco antes de deixar a Arena Fonte Nova. “Depois de tudo o que nos tem passado nos últimos meses, poder seguir na Copa das Confederações, continuar desfrutando de um torneio deste nível, é o mais importante. Mas, devo dizer, o fato de ser importante para isso, e ainda numa ocasião como esta da 100a partida, é sensacional. Dá um ânimo novo.”


É preciso fazer muito esforço para fazer Forlán falar de si mesmo, e não do time. Muito esforço, de um lado, e uma razão como essas, do outro: um chutaço de esquerda, num contra-ataque, que acertou o ângulo direito de Vincent Enyeama e foi decisivo para o resultado. Há quanto tempo não lhe acontecia uma dessas? O craque de 34 anos estava tão feliz que levou a pergunta com bom humor. “Olha, teve uma dessas esses dias com o Internacional, na Copa do Brasil”, ele começou a responder, sorrindo. “Mas o juiz deu impedimento.”


A mudança não tem a ver apenas com os 34 anos. Quer dizer, não apenas com o fato de esses anos terem inevitavelmente tirado algo da velocidade e da explosão física do Bola de Ouro adidas da última Copa do Mundo da FIFA. Existe uma inegável questão tática, sobre a qual Diego fala abertamente – tratando de voltar a se referir mais aos outros que a si mesmo.


Se fazia algum tempo que ele não marcava um golaço daqueles, era sobretudo porque, no geral, o jogador do Internacional de Porto Alegre é há algum tempo mais um meia ofensivo do que propriamente o centroavante ambidestro e matador como o qual se consagrou. “Parece um clichê, mas hoje digo com a maior sinceridade: eu me sinto bem em qualquer posição, inclusive essa em que entrei hoje, mais pela esquerda e tratando de armar um pouco mais o jogo”, admite ele, que na primeira partida no Brasil 2013, uma derrota contra a Espanha, fora relegado pelo técnico Oscar Tabárez ao banco de reservas, substituído por Gastón Ramírez.


“Claro que eu me sinto cômodo por ter, aos 34 anos, a chance de jogar um pouco mais atrás”, ele conta. “Sobretudo porque temos dois atacantes excelentes (Luis Suárez e Edinson Cavani) e que, além do mais, são mais jovens do que eu. É bom, porque aí me cobram menos a obrigação de voltar ao meio-campo”, brinca o craque, custando a conter essa mistura de bom-humor e alívio. Também, pudera. Não muito tempo atrás, a ideia de viver uma noite dessas andava distante, distante da cabeça de Diego Forlán. “Não dá para esconder. É bom demais viver esses momentos de novo. A esta altura, nunca sabemos quantos mais serão.”


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