Histórias de Koff

Histórias de Koff

"E o nosso contrato com o Jardel estava para vencer e não tínhamos o dinheiro. Aí me fiz de bobo com o Eurico..."

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Minha intenção é publicar neste espaço, aos sábados, trechos da última entrevista concedida por Fábio Koff.
A entrevista foi publicada no Correio do Povo em 13/08/2017. Koff viria a falecer em 10/05/2018. Entre cervejas e bolinhos de bacalhau, ele conversou com Carlos Corrêa e com este colunista por quase quatro horas. Depois, mais duas horas foram consumidas por um bate-papo. O trecho que segue se refere a Eurico Miranda.
“Em 1983, houve um amistoso no Olímpico com o Vasco, uma partida noturna. O Vasco jogou com o Mazaropi e ele pegou tudo. No dia seguinte, falei com o Eurico Miranda, expliquei isso e aquilo sobre o goleiro. Ele me perguntou se estávamos precisando de um goleiro. Perguntou se tínhamos dinheiro. Falei que não.
‘Tudo bem, leva emprestado, não tem problema, pode ficar com ele aí’. Assim que veio o Mazaropi para cá. Quando ele me mandou o Jardel, anos mais tarde, aconteceu o seguinte. Ele veio sem passe fixado no papel. O Eurico disse para mim que iria honrar na palavra, que era um milhão de dólares, que se quiséssemos comprar, poderia ser a prestação. Veio o Jardel. 
Aí mais tarde, depois dele estourar, teve um grupo português que foi no Rio de Janeiro a procura do Vasco para comprar o Jardel e ofereceram 1,6 milhão de dólares. E o nosso contrato com o Jardel estava para vencer e não tínhamos o dinheiro. Aí me fiz de bobo com o Eurico: ‘Quanto é mesmo o passe do Jardel?’ 
Ele me mandou para tudo quanto é lugar, que já tinha me dito que era um milhão de dólares. ‘Cumpro a minha palavra até 15 de agosto, é um milhão. Se não tiver, bota 500 mil no teu prazo, tu acha que não vou cumprir com a minha palavra?’
Aí recorri ao Jorge Gerdau para me arrumar um dinheiro emprestado e também ao Nelcir Zaffari. Aí paguei os 500 mil para o Eurico, os outros 500 ele telefonava e eu dizia que não estava (risos). Um dia ele me pegou: ‘Pô, está se escondendo de mim? Quanto tempo tu queres para pagar? Quero te ajudar’. E cumpriu a palavra dele.”
Diferença para a Europa
“Este processo que aconteceu no Brasil e vai continuar acontecendo é que africanizaram o futebol brasileiro. Hoje se perde jogador com 23, 24 anos. Os clubes não têm mais interesse em jogadores acima de 23, 24 anos. Vou contar um episódio. Poucos meses depois que assumi o Grêmio nessa última passagem, recebi um convite. O olheiro do Manchester City estava na cidade e queria ser recebido por mim. Fomos almoçar. Era um cara argentino, começou com aquela enrolação, não chegava no assunto. Eu já estava louco para ir embora, então perguntei no que podia ajudar ele. Me mostrou então no telefone a fotografia do (atacante) Everton. ‘Quero este jogador’. Olhei e não reconheci, então não titubeei e disse ‘Não, esse não’.”


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