Insensatez sem limite

Insensatez sem limite

A insensatez, como o vírus, desconhece limites geográficos

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A insensatez desconhece limites geográficos. Por aqui, Bolsonaro pai já minimizou a pandemia do coronavírus. Chegou a dizer que a crise "não é tudo isto". Apertou a mão de apoiadores na contramão do que pregam infectologistas. 
Nos Estados Unidos, Donald Trump chegou a sugerir várias vezes que a preocupação com a pandemia que assusta o mundo era exagerada e que o número de casos no país iria diminuir. Chegou a comparar o vírus a uma gripe comum, também na contramão das autoridades de saúde de seu próprio governo, que já alertavam sobre a gravidade do vírus.
Até os quero-queros de linha Araripe sabiam que a Olimpíada de Tóquio não seria realizada entre 24 de julho a 9 de agosto deste ano. Mas os sábios e sempre prudentes japoneses insistiam em manter esta data. 
Aí o Canadá deu o exemplo: anunciou que não enviaria atletas. Boicote mais do que justificado. Os canadenses certamente seriam seguidos por outros países, que já ameaçam não enviar delegação.
Só depois disto os sempre prudentes japoneses adiaram os Jogos para 2021. O Japão é um dos poucos países que está mantendo o coronavírus sob controle. Há tempo já deveriam ter adiado os Jogos. Mas estava dispostos a receber milhares de atletas e jornalistas, algo nem um pouco recomendável. Foi na contramão. O país possui a maior proporção de idosos do mundo. 
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, explicou que chegou a um acordo com o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, para o adiamento em um ano. 
Thomas Bach não aprendeu nada com a chanceler do seu país, Angela Merkel, que em discurso à nação disse que a luta contra o coronavírus só será bem-sucedida se os alemães compreenderem que este é um desafio coletivo. “Isso é sério. Levem isso a sério. Desde a Segunda Guerra Mundial não houve um desafio para o nosso país que dependesse tanto da nossa ação conjunta e solidária”.
Shinzo Abe e Thomas Bach são líderes nascidos no chamado primeiro mundo. Até o adiamento dos Jogos, anunciado ontem, estavam pensando mais nos prejuízos financeiros do que na vida de milhares de pessoas. A insensatez humana não conhece limites.
Se espalha como o coronavírus.


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