Inter: comissão do endividamento segue parada. A história da doação do Beira-Rio

Inter: comissão do endividamento segue parada. A história da doação do Beira-Rio

Hiltor Mombach

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Um contrato NDA (Non Disclosure Agreement), também conhecido como Acordo de Confidencialidade ou Termo de Sigilo, está emperrando o trabalho de uma Comissão Especial que estuda o endividamento do Inter e a emissão de debêntures
A comissão especial é composta por Alexandre Chaves Barcellos, André Miola, Bruno Becker Vanuzzi, Diogo Bier, Paulo Corazza, Pedro Luiz Bossle e Roberson Machado Soares.
A comissão só voltará a trabalhar quando o acordo de confidencialidade ficar definido. Isto deveria ter acontecido nesta segunda-feira. Não aconteceu.
A atual direção teria apresentado um documento exigindo que os integrantes da comissão assinem uma cláusula de confidencialidade, que, em caso de vazamento, provocaria multa de mais de R$ 100 mil.
Há outra questão.
O Inter dependeria, assim, no condicional, do parecer desta comissão para buscar um empréstimo de R$ 200 milhões junto a dois bancos.
A atual direção estaria buscando garantias para oferecer pois quer pagar os bancos num prazo longo e com juros mais baixos.
A informação é de que poderia dar o Beira-Rio como garantia.
O estádio é uma doação.
Questionei um advogado que entente do assunto sobre se o clube pode ou não dar o estádio em garantia.
"Vender não pode. Mas dar em garantia é uma hipótese que pode ser debatida. Tem que ver nos documentos".
DOAÇÃO DE ILDO MENEGHETTI, UMA LENDA
Por Enio Meneghetti / Publicado no meu blogue em 2012
“O Hiltor perguntou-me sobre o capítulo que teria ficado faltando em “Baile de Cobras”, a biografia de Ildo Meneghetti.
Que trataria da lenda difundida pelos gremistas de que Meneghetti como governador teria doado uma área pública para o clube construir o Estádio Beira-Rio.
Respondo dizendo que não está no livro porque isso nunca aconteceu. É mesmo lenda. A doação da área foi uma iniciativa do vereador e várias vezes dirigente do Inter, Efraim Pinheiro Cabral. Tratava-se de uma área a ser aterrada do Guaíba, que foi objeto de um projeto apresentado pelo então vereador e aprovada pela Câmara Municipal - se não me falha a memória - com apenas um único voto contrário. Isso ocorreu em 1956 e o projeto aprovado foi sancionado pelo prefeito, que era Leonel Brizola.
Posteriormente o grande colorado Telmo Thompson Flores, diretor do DNOS (Departamento Nacional de Obras e Saneamento), conseguiu uma draga utilizada na retificação do Arroio Dilúvio, para aterrar uma “orelha” no Guaíba, que é onde o estádio encontra-se assentado. Claro que o clube pagou ao DNOS. Portanto a área doada ficava debaixo d’água, daí as piadas sobre a venda de “Bóias Cativas” para financiar a construção.
Mas de fato, quando Meneghetti era governador, em 1956, foi procurado pela direção do Inter para ajudar a resolver o problema do novo estádio. Ele respondeu que não poderia, por achar-se eticamente impedido, como ex-presidente do clube. Ajudaria até como pessoa física, como de fato ajudou, contribuindo financeiramente com seus próprios recursos no esforço para construção do estádio.
Agora, se os gremistas realmente difundem isso, seria bom que conhecessem a história de como o patrono do Inter, quando prefeito de Porto Alegre, ajudou o Grêmio a conseguir a área onde está o Olímpico. Isto sim, está no livro.
Procurado pelo excelente presidente gremista Saturnino Vanzelotti, às voltas com a falta de espaço para ampliação do Estádio da Baixada dos Moinhos de Vento, o prefeito Meneghetti mandou para a Câmara (que aprovou) um projeto que permutava a área da baixada, que hoje é parte do leito da II Perimetral, pela área destinada a um futuro “Estádio Municipal” na Avenida Carlos Barbosa. Como governante, ao Grêmio ele poderia ajudar, mas não Inter, pois seria misturar interesses pessoais (e para ele o Inter ERA um interesse pessoal) com interesses públicos.
E tanto o Inter era assunto pessoal para Meneghetti, que ao assumir o clube em 1929, em vias de ser liquidado, absolutamente endividado, sem campo para jogar, (a “Chácara dos Eucaliptos” havia sido vendida) Meneghetti comprou uma área de propriedade do Banco Nacional do Comércio assumindo na pessoa física os riscos da operação. Colocou uma fortuna do próprio bolso para a construção dos Estádio dos Eucaliptos, jamais misturando negócios privados com públicos, mesmo com enorme desembolso particular.
Tudo isto está detalhado no livro.”


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