Inveja de Renato

Inveja de Renato

O Rio de Janeiro continua lindo / O Rio de Janeiro continua sendo

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Renato Portaluppi foi flagrado no final de semana jogando futevôlei com os amigos em uma praia no Rio de Janeiro. 
O técnico do Grêmio não se reapresentou ao clube após a paralisação do futebol devido à Covid-19 por ser do grupo de risco, de acordo com orientações médicas. 
Renato não tem 60 anos, mas tem fibrilação atrial, arritmia no coração. O Grêmio afirma que não cabe responder por atividades de seus funcionários em “foro privado”.  
Cometendo uma verdade não tão exagerada diria que não convém repreender Renato. Más línguas (seriam tão más assim?) juram que os vices de futebol são escolhidos entre aqueles que não irão se meter de pato a ganso com o carismático treinador. Exceção feita a Preis, seu amigo e antigo companheiro de guerra que o contratou em 2016. Preis era vice-presidente em 1983 quando Renato desmontou o Hamburgo para dar ao clube o título mundial. 
Renato que protestou em 15 de março ao entrar em campo de máscaras antes da vitória de virada contra o São Luiz, por 3 a 2, em jogo com portões fechados na Arena pelo Gauchão. O Rio Grande do Sul não havia registrado ainda morte por coronavírus Disse o seguinte: 
"Está na hora do Grêmio se pronunciar, nossa forma foi com as máscaras para alertar as autoridades. Jogador de futebol é gente. 
Não estamos imunes. Não adianta nada fechar portões. A torcida fica protegida e dane-se quem trabalha no futebol? O mundo todo parado. Será o que o futebol brasileiro não tem que parar? 
As pessoas no futebol tem que conversar e fazer greve? Precisa chegar nesse ponto?". 
Seria incoerência pedir coerência para Renato. Leio que hipocrisia é a "arte de exigir dos outros aquilo que não se pratica."
O fato de disputar futevôlei no Rio é péssimo para a imagem de Renato.Mas quem disse que ele se preocupa com a imagem? Renato amadureceu não amadurecendo se é que me entendem. Ali, na beira do gramado, eu um salto gigantesco. Virou técnico dos bons. Porém lembro dos tempos do Água na Boca. Volta e meia Renato só a aparecia treinar no Olímpico pela tarde. Já era diferenciado naquela época. No futebol como ponteiro direito e nos afagos dos dirigentes. 
Ouço de importante dirigente do Grêmio que o que deve ser analisado é se Renato está sendo ou não bom treinador. Então nada precisa ser analisado. As conquistas dizem tudo. As taças e os jogadores por ele lançados que renderam quase meio bilhão ajudando a sanar as finanças
Também ouço que quando o Grêmio contratou Renato sabia que estava terceirizando o futebol. Renato se confunde com a instituição e vice-versa. Não há no Brasil um treinador mais identificado com um clube do que Renato com o Grêmio. E versa-vice.
Perguntei se oclube levaria livre um jogador importante que fosse flagrado sem máscara jogando futevôlei em tempos de pandemia. 
Não, porque jogador é patrimônio do clube. Quando escrevo o Rio de Janeiro, onde Renato foi se isolar e jogou futevôlei, tem 8.875 mortos por Covid-19 com 96 133 casos confirmados. O RS tinha 434 mortos com 19 348 casos confirmados. 
Encerro confessando minha inveja. Renato lá, eu aqui. 
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