Koff, Carvalho e o Inter

Koff, Carvalho e o Inter

O Inter de 2019 teve o tamanho do G-6, do investimento de R$ 4 milhões

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O brasileiro sabe quase tudo de futebol. 
Cometendo uma verdade exagerada acrescentaria que sabe quase tudo de futebol e desconhece o essencial: esta modalidade não é regida pela lógica, coerência ou razão.
No livro “De Belém a Yokohama” o mais festejado dirigente colorado de todos os tempos, Fernando Carvalho, reserva um capítulo para relatar como a ajuda da fé foi importante nas conquistas de 2006, a Libertadores e o Mundial Interclubes. Sim, a fé.
Em 2017, numa entrevista que durou quatro horas, ouvi do eterno presidente Koff uma frase e um relato espantosos. 
A frase: 
“Há coisas que acontecem no futebol que não têm explicação”. O relato: 
“O Paulo Nunes veio na transação do zagueiro Agnaldo. Fui fazer negócio lá no Flamengo e eles tinham uma lista com cinco jogadores. 
Na hora que estava saindo no pátio, o Paulo Angioni me cumprimentou e me disse para levar o Paulo Nunes e o centroavante Magno. 
E vieram os dois. 
Para ver como acontecem essas coisas.”
Agosto ia para a reta final e lá estava um Inter flamante em véspera de quartas de final da Libertadores, invicto em casa e beijando o G-4 do Brasileiro, encaminhando vaga para a final da Copa do Brasil e desfilando uma felicidade contagiante. 
Súbito, a felicidade deu lugar ao pesadelo com o time naufragando feito um Titanic na Copa do Brasil e o Beira-Rio, local de vítimas, virou cena de crime. Passados pouco mais de três meses, o hino “minha camisa vermelha/ E a cachaça na mão/ O Gigante me espera/ Para começar a festa!” deu lugar ao jingle “varre, varre, varre, vassourinha...” 
Tréllez, Rithely, Uendel, Bruno Silva, Natanael, Guilherme Parede, Dudu, Klaus, Bruno, Rafael Sobis, Patrick, Zeca, William Pottker, Wellington Silva, Neílton... 
Muitos destes jogadores sumiram como se jamais tivessem existido. 
Também é verdade que alguns apenas desembarcaram no Beira-Rio. 
Como abajur, serviram de decoração.
Do oitenta para o oito foi um sopro neste Inter de 2019. Acertos foram transformados em equívocos em 90min. 
O barco que ia de vento em popa topou com um Furacão e fez água. 
“Há coisas que acontecem no futebol que não têm explicação” disse Koff.
Desmontar este Inter será um equívoco monumental. 
Ouço aqui e ali que a vassourada vai pegar. 
O Inter de 2019 teve o tamanho do G-6, do investimento de R$ 4 milhões. 
É preciso corrigir e contratar pontualmente, não por atacado. 


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