O futebol antes e depois da pandemia

O futebol antes e depois da pandemia

Segundo estudo da EY

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Solicitei que o pessoal da EY fizesse a gentileza de enviar uma avaliação da situação do futebol brasileiro diante da pandemia do coronavírus. A EY publicou recentemente um estudo sobre as finanças dos clubes. Pretendia saber mais exatamente quanto tempo irá demorar para que as agremiações se recuperem financeiramente do estrago e como irão se comportar Grêmio e Inter diante do baque. Segue o material.
“O futebol assim como boa parte dos demais setores produtivos no Mundo estão sendo fortemente impactados pela COVID-19. Importante deixar claro que a paralisação dos campeonatos está agravando uma situação que já era crítica antes da pandemia.
Parte considerável dos clubes no Brasil vivem (ou sobrevivem) com uma equação bem complexa: alto nível de endividamento, baixa capacidade de geração de receitas recorrentes (com exceção dos direitos de transmissão de televisão) e alta dependência da receita da transferência de atletas.
Ao analisarmos o resultado do estudo da EY, em relação as informações financeiras publicadas pelos clubes (20 maiores), é possível observar alguns números que chamam a atenção: a relação aos R$ 6 bilhões gerados pelos clubes em 2019, (crescimento de 17% em relação a 2018) é possível verificar que 5 clubes concentram 50% da receita (incluindo Grêmio e Interncional). Os cinco clubes “menos ricos” tem 5% do total
· Metade dos clubes apresentaram resultado negativo (déficit).O O valor negativo somado ultrapassa R$ 800 milhões sendo que três clubes concentram 90% deste valor (Cruzeiro, São Paulo e Corinthians).
·Tivemos receita recorde de transferência (não recorrente) com crescimento de 30% em relação a 2018. O faturamento total com venda de jogadores chegou a R$1,6 bilhão, valor equivalente as receitas de matchday (dia de jogos) e comerciais juntas (recorrentes).
Uma outra informação que salta os olhos é o nível de endividamento que atingiu cifra recorde de R$ 8,3 bilhões em 2019. Para este ponto é importante que não seja analisado apenas o valor absoluto da dívida, mas sim fazer uma relação com a capacidade de geração de receita de cada clube.
De forma geral, a análise é a seguinte: quantos anos o clube precisaria para quitar todas suas dívidas considerando o atual nível de receitas?
São duas análises: por receitas totais e receitas recorrentes (sem transferência de atletas). Nos dois casos a situação é crítica. No cenário receitas recorrentes alguns clubes precisariam de mais de quatro anos para quitar as dívidas. Isto se pudessem direcionar todas as receitas para isso – o que é impossível.
A paralisação dos Campeonatos, por consequência da COVID-19, como mencionado anteriormente irá agravar a situação financeira dos Clubes. Estimativa feita projeta impacto entre R$1,3 bi e R$1,9bi em 2020. Neste número está considerado impacto com matchday (jogos com portões fechados), direitos de transmissão (redução no PPV) e queda dos valores de transferência de atletas. Se os números (e cenários projetados) se confirmarem regrediremos para patamares de 2016 em relação a geração total de receita.
Os clubes gaúchos também estão sendo impactados, entretanto, fazem parte de um seleto grupo com situação mais confortável. Grêmio e Inter tem a quarta e quinta maiores receitas recorrentes e com uma posição de endividamento mais favorável que a média. Esta situação, fruto de trabalho de governança e gestão, deixa os clubes em melhor posição estratégica e nível de competitividade quando comparado com os demais.”
O estudo aponta que “após o recuo em 2015, impulsionado pelo Profut, podemos ver o aumento do endividamento líquido dos clubes nos quatro últimos anos, atingindo a máxima histórica no ano passado: 8,35 bilhões. O endividamento líquido dos clubes cresceu 150% entre 2010 e 2019. Em relação a 2018, a evolução foi de 15%”. Ou seja, os clubes, a grande maioria, continua gastando muito mais do que consegue arrecadar.
Diz ainda que “Sport apresenta o maior índice de endividamento (4,53), ou seja, o endividamento líquido em 2019 era mais de quaro vezes superior ao faturamento (R$ 39 milhões). Lembramos que o clube estava na Série B em 2019. Notem que o Botafogo apresenta um índice similar (4,29), mesmo na Série A.► Destacam-se Grêmio, Palmeiras, Athletico-PR, Flamengo, Goiás, Fortaleza e Ceará. Todos apresentaram índices inferiores a 1 em 2019”.


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