“O patético de nossa época é que o passado se insinua no presente"

“O patético de nossa época é que o passado se insinua no presente"

Nunca uma frase do genial Nelson Rodrigues surgiu tão atual

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Nunca uma frase do genial Nelson Rodrigues surgiu tão atual:
“O patético de nossa época é que o passado se insinua no presente e repito: a toda hora e em toda parte, a vida injeta o passado no presente”.

O passado aqui nem é tão passado assim. Trata-se de um passado recente. Nem Nostradamus, o mestre das profecias, poderia prever reviravolta tão bombástica em um ano. 
A guinada está escancarada nas manchetes. Em 13 de maio do ano passado, data posterior ao Dia das Mães, o leitor do Correio do Povo encontrou as seguintes manchetes de capa:
Bolsonaro confirma que vai indicar Moro para o STF; CDL estima aumento de 2% nas vendas do Dia das Mães; Inter ganhou de outro candidato ao título; Grêmio empata com o Corinthians...
Ontem, Dia das Mães, o site do Correio trazia estas manchetes: Rio Grande do Sul tem 97 mortes pelo novo coronavírus e novo decreto do governo do RS impede dupla Gre-Nal de realizar treinos”. Dias antes, saiu com este título: “Sindilojas prevê queda de 70% nas vendas do Dia das Mães em Porto Alegre”.
Que guinada na vida de todos nós!
Parece que foi ontem. Há um ano, o Correio do Povo saiu com as seguintes manchetes no futebol: “Vitória com bom futebol no Beira-Rio”. O Inter fizera um segundo tempo de luxo diante do Cruzeiro e vencera por 3 a 1 diante de mais de 23 mil pessoas. Alguém sequer cogitava que um dia não teríamos futebol no ex-país do futebol?

Manchete do Grêmio no dia 13 de maio de 2019, segunda-feira: “O Grêmio vai decolar, promete Renato.” No domingo, o time gaúcho havia empatado sem gol diante do Corinthians e começava muito mal o Brasileiro, com apenas dois pontos em 1 disputados. O diretor de futebol era Alberto Guerra, que reclamou da arbitragem.
Tenho conversado seguidamente com Romildo Bolzan. Em 15 de março, quando a CBF suspendeu as competições por tempo indeterminado, Romildo não parecia muito preocupado. Nem ele nem os demais dirigentes. Havia a esperança de um retorno em breve. Hoje, porém, há desespero entre os comandantes dos clubes.
Romildo tem reiterado para este colunista que, se a crise do coronavírus persistir, e este é o indicativo, as medidas paliativas realizadas até aqui pelo clube serão radicalizadas. O desastre financeiro completo só não acontecerá se o futebol retornar aos gramados entre agosto e setembro. Estou falando do Campeonato Brasileiro.


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