Quem surpreendeu e quem decepcionou no Brasileirão

Carlos Corrêa / Interino

Com altas doses de dramaticidade – ou dependendo da interpretação do torcedor colorado, de sadismo mesmo – o Brasileirão acabou e nos resta agora fazer um balanço sobre as principais equipes da competição, sempre levando em consideração as expectativas lá do início, em agosto do ano passado. Sem mais delongas, vamos lá, começando pelos dois gaúchos:

Inter
Não restam muitas dúvidas de que superou as expectativas. Apesar da frustração de deixar escapar o título em casa no último lance da última rodada, lá em agosto de 2020 ninguém apostaria muitas fichas que seria o time que brigaria cabeça a cabeça com o poderoso Flamengo. Mérito tanto de Coudet quanto de Abel e, principalmente, dos jogadores, que mostraram uma entrega como há muito não se via com a camisa vermelha.

Grêmio
Está em uma situação singular. Em tese, diríamos que ficou abaixo da expectativa. Mas pode conquistar a Copa do Brasil e nunca um time que conquista um título nacional na temporada fica abaixo do esperado. Ao contrário de temporadas anteriores, desta vez não se pode reclamar que o Tricolor deixou o Brasileirão de lado. Nas últimas rodadas, com a vaga já assegurada na decisão da Copa do Brasil, era natural que poupasse alguns jogadores, pensando na final. No mais é aquilo, ganhando ou perdendo, chegou a mais uma final, mantendo uma média bem alta. Se perder, o sentimento da torcida será o de um ano jogado fora. Se ganhar, o triunfo é ainda mais comemorado na esteira da perda do Inter no Brasileirão.

ACIMA DA EXPECTATIVA
Fluminense: Uma das surpresas do campeonato. Primeiro com Odair, depois com Marcão. O tricolor carioca fez uma campanha que cresceu na reta final e garantiu vaga direta na Libertadores.

Bragantino: Quem diria que em dado momento do campeonato o futebol mais bonito do Brasil seria jogado pelo clube de Bragança Paulista? Pois assim foi. Liderado pelo ótimo Claudinho, o time paulista foi a melhor surpresa da competição e ainda credenciou o técnico Maurício Barbieri a voos maiores.

São Paulo: Fernando Diniz há tempos é conhecido como um técnico que larga bem, mas não sustenta boas campanhas. De fato foi assim, mas ninguém esperava que o São Paulo tivesse tanta chance de ser campeão como pareceu em dado momento. A queda posterior foi frustrante, mas dada a previsão inicial, no todo, é possível afirma que sim, surpreendeu positivamente.

Ceará e Atlético-GO: As duas equipes estão neste bolo por um simples motivo. Ambas entraram no Campeonato Brasileiro de 2020 como aquelas cotadas para brigar contra o rebaixamento. Sem campanhas brilhantes, mas aprontando uma aqui e outra ali (o Ceará, por exemplo, venceu o Flamengo duas vezes, já o Atlético-GO empatou uma e não só venceu, como goleou na outra), aos poucos foram se distanciando da zona da degola, a ponto de chegar às últimas rodada sem qualquer risco de queda.

DENTRO DA EXPECTATIVA
Flamengo: É até estranho falar do campeão nestes termos, mas vamos combinar que é isso mesmo. O Flamengo entrou 2020 com o discurso que tinha time até para disputar a Champions League. A perspectiva era de conquistar tudo que viesse pela frente. Porém, caiu na Copa do Brasil e na Libertadores. E no Brasileirão, foi assumir a liderança na penúltima rodada e só foi campeão porque o Inter falhou em marcar um gol no Corinthians. Ok, campeão, parabéns e tal. Mas era o que se esperava.

Atlético-MG: Gastou tudo e mais um pouco, trouxe o técnico Sampaoli. Montou, enfim, um time para brigar pelo título. E de fato brigou. Mas, de novo, não levou.

Corinthians: Há algum tempo, o Corinthians virou aquele time que nada se espera dele. E ele confirma a tese de todo mundo, não apresentando muita coisa.

Sport e Fortaleza: Assim como os já citados Ceará e Atlético-GO, tanto o Sport como o Fortaleza entraram na competição brigando para permanecer na Série A. O Fortaleza ainda tinha Rogério Ceni no comando e podia pensar em algo mais. Com a saída dele, nadica. Como era esperado, brigaram para não cair. Pelo menos, não caíram.

ABAIXO DA EXPECTATIVA

Palmeiras: É um caso curioso, ficou abaixo da expectativa no Brasileiro, mas levou a Libertadores e pode levar a Copa do Brasil. Não discordaria de quem coloca o clube na prateleira do “dentro da expectativa” ou “acima”.

Santos e Athletico-PR: Não eram necessariamente candidatos ao título, mas ao menos uma vaga na Libertadores era esperada. Para o Santos, ela só virá graças a Grêmio ou Palmeiras. O Furacão, então, nem isso.

Bahia: A partir do trabalho de Roger Machado, era um time para estar no meio da tabela. Porém, quase caiu.

Vasco, Goiás, Coritiba e Botafogo: A turma dos rebaixados, nem precisa explicar a razão de estarem aqui, né?