Redescobrindo a roda

Redescobrindo a roda

A saúde do futebol é um eterno suspense. A montagem de um grande time é um acontecimento

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A saúde do futebol é um eterno suspense. A montagem de um grande time é um acontecimento. Na prática. Já no papel, nos delírios cercados por cerveja numa mesa de bar, são proferidas teses que surgem definitivas e milagrosas.
Toda tese, da mais obtusa à mais insana, viverá seu momento, mesmo que fugacíssimo, de confirmação e consagração. Estamos diante de uma verdade irretocável.
O insensato que duvidasse da genialidade de Pelé, colocando-o no rol dos jogadores medianos, diria, pelo menos uma vez: “Viu, eu não disse!” Sim, até o rei teve dias de nada.
No pântano abrigado pelo nosso íntimo escondem-se sentimentos inconfessáveis. Há entre os dirigentes noviços um desejo absurdo de redescobrir a roda. Esta misteriosa ansiedade só encontra explicação na psicologia.
Há no Inter um desejo incontido de sepultar qualquer resquício do carvalhismo. Sinto-me irremediavelmente idiota diante de tal empenho. Na minha ignorância o carvalhismo, movimento oriundo de Fernando Carvalho, deveria figurar no estatuto do clube como algo a ser perseguido.
Para meu horror, dispensaram Abel, um carvalhista da gema, campeão da Libertadores e do Mundo. De nada adiantou o berreiro do torcedor. Perseguindo a genialidade, dispensaram um campeão para bancar uma incógnita. 
O que vimos nos 5 a 1 de domingo é um forte indicativo de que o Inter está sendo preparado para ser empalhado.


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