Hiltor Mombach

Vale “roubar”. Desde que seja a favor

Como seria se todos, jogadores, treinadores, jornalistas, dirigentes, enfim, todos levantassem a voz quando de um equívoco, mesmo tendo sido favorecido?

O documentário "Máfia do Apito" reacendeu uma das maiores polêmicas do futebol brasileiro. Vinte anos após o escândalo de arbitragem que marcou o Brasileirão de 2005, o ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho admitiu influência no título nacional.
"Eu mudei o campeão brasileiro. Sem a máfia do apito, a equipe campeã seria o Internacional, o campeão seria o Internacional", disse.
Há motivos suficientes para se acreditar em teorias da conspiração reforçadas pelas entradas das casas de apostas.
Bruno Henrique, do Flamengo, um dos salários mais altos do futebol, foi acusado de manipulação de resultados de jogos para beneficiar apostadores em bets.
Tantos são os escândalos de arbitragem que até os angelicais tendem a acreditar que tem caroço nesse angu.
O hoje ricaço Palmeiras foi beneficiado no domingo na vitória de 3 a 2 sobre o São Paulo.
Em 1976 o craque Gerson, cérebro do Brasil na Copa de 70, já aposentado, estrelou numa campanha de cigarros. Do texto: “Por que pagar mais caro se o Vila me dá tudo aquilo que eu quero de um bom cigarro?
Gosto de levar vantagem em tudo, certo?”
Estava sendo criado, de forma negativa, o ‘jeitinho brasileiro’.
Que pelo jeito ganhou mundo.
O treinador do Palmeiras, Abel, que ama ditar regras comportamentais, não viu pênalti de Allan em Gonzalo Tapia no segundo tempo em que estava 2 a 0 para o São Paulo. Penalidade indiscutível, de concurso.
Como levou vantagem, consentiu com o escândalo.
O torcedor aprova e até ri quando o rival é prejudicado, mas berra quando seu time é "roubado".
Como seria se todos, jogadores, treinadores, jornalistas, dirigentes, enfim, todos levantassem a voz quando de um equívoco, mesmo tendo sido favorecido?
Utopia, meu amigo. Utopia.
Quando da "máfia do apito" só berrou o prejudicado, o Inter. O Corinthians, conivente, se fez de surdo.

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