Viramos espectadores

Viramos espectadores

Viramos espectadores, como é Santa Catarina, por exemplo. Até o Paraná, com o Furação, já nos atropelou

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Olhando a tabela do Brasileiro lembrei de uma crônica de Nelson Rodrigues: 
“O patético de nossa época é que o passado se insinua no presente e repito: a toda hora e em toda parte, a vida injeta o passado no presente.” 
E do que escrevi certa vez: 
“Todos sabem que sou favorável ao mata-mata e sei que estou na contramão da maioria. Como bairrista convicto, quer ver outra vez um time gaúcho campeão. Quero uma fórmula que imite o Brasil: injusta e formulista! 
Todos sabem que querer não é poder e que vou ficar querendo.”
O Brasileiro terminou restando 14 rodadas.  
O Infobola dá 81% de chance de o Palmeiras levar o caneco. 
O Flamengo tem 7%. Não há mais humilhação em brigar apenas por vaga na Libertadores. 
O que se vê é a rendição incondicional ao poder do dinheiro.
Flamengo e Palmeiras andam faturamento R$ 1 bilhão por ano. 
Perto dos dois, Inter e Grêmio são quase miseráveis, lembram o pedinte passando o chapéu na Rua da Praia. 
À vastidão da distância financeira soma-se o  pudor dos nossos dirigentes. 
Por aqui, déficit de milhão justifica pedido de impeachment. 
Galo e Corinthians devem bilhão e gargalham. 
Não vai muito, o Flamengo mandou desembarcar Cebolinha. O atacante já negociava com o clube do Rio antes da lesão de Bruno Henrique. Domingo, diante do Furacão, o Fla aplicou 5 a 0 com reservas tão luxuosos que seriam titulares do Inter ou do Grêmio sem pestanejar. Em terras pampeanas, há um interesse  eterno do Colorado em repatriar Aránguiz. Há interesse, mas não dinheiro.
Nem vou falar dos recursos da TV, que enchem os cofres de Flamengo e Corinthians e pingam no pires da Dupla.
Vivemos num RS que despenca do mapa do Brasil. Estamos convencidos que o funesto destino nos colocou à reboque de Rio, São Paulo e Minas. 
Acomodados, resignados, ligamos a TV para ver os outros times disputarem títulos importantes.  
Viramos espectadores, como é Santa Catarina, por exemplo. 
Até o Paraná, com o Furação, já nos atropelou.


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