Aécio será campeão de votos. Tente entender

Aécio será campeão de votos. Tente entender

Micheletti pede fim do estado de sítio em Honduras

publicidade

  Aécio Neves queria ser presidente da República. Foi obrigado a desistir. Resolveu buscar a reeleição para o Senado. Foi obrigado a desistir. Malas de dinheiro o abateram em pleno voo. Recuou para a luta por uma cadeira de deputado federal por Minas Gerais. Tudo indica que será o mais votado de seu Estado. O que isso significa? Tudo. A principal conclusão é esta: a corrupção não é o problema para eleitores que, vez ou outra, estrategicamente, revoltam-se contra ela. A corrupção vem sempre com a pergunta: de quem? É uma variante do você sabe com quem está falando. Você sabe quem está roubando? Eis tudo.

O general Mourão, vice na chapa de Jair Bolsonaro, defendeu o autogolpe desfechado pelo presidente da República em caso de necessidade. Claro que a necessidade será definida pelos interessados sem levar em conta a opinião da oposição. O próprio Bolsonaro já pensou em ampliar o STF. A ditadura de 1964 fez isso. Hugo Chávez na Venezuela também. O Brasil recente contentou-se em ampliar o tempo de permanência dos ministros nos seus postos. O economista Paulo Guedes, agora conhecido como Posto Ipiranga por ser designado como aquele que tem todas as respostas, quer reduzir os partidos ao mínimo e caçar o direito de voto nominal dos parlamentares, fixando o voto por bancada.

Se duvidar, voltamos ao bipartidarismo.

O MDB certamente aceitaria fazer outra vez o papel de oposição permitida. Salvo se, como sempre, em caso de vitória de Bolsonaro, decidir dar governabilidade ao novo presidente. Quem se espantaria com isso? Romero Jucá como ministro de Bolsonaro não seria um absurdo. Daria até para chamar isso de ordem natural das coisas. Mourão defendeu também uma nova Constituição sem o aborrecimento de ter constituintes. Notáveis indicados pelo executivo resolveriam o problema. Teríamos algo como a carta outorgada de 1967 com um aceno para as formalidades democráticas: um plebiscito para sacramentar o texto sem votos.

A imprensa brasileira faz de conta que está tudo bem. A queda ainda anda na altura do quinto andar. A imprensa mundial já soou o alarme e chamou bombeiros e ambulâncias. The Economist foi direto ao ponto sentindo o calor das chamas: “Bolsonaro pode não conseguir converter seu populismo em uma ditadura ao estilo pinochetista, mesmo que ele queira. Mas a democracia brasileira é muito nova”. O que isso significa? Significa que para a publicação liberal inglesa Bolsonaro não está brincando e que a democracia brasileira pode ser muito frágil diante das más intenções do candidato do PSL, sigla que alugou.

Como entender tudo isso? Simples.

Estamos no mato sem cachorro.

Se correr o bicho pega. Se ficar, o bicho devora. O ex-ministro Nelson Jobim, entrevistado no Esfera Pública, disse que não há espaço no Brasil atual para golpes. Fiquei com a impressão de que estava fora da nossa órbita. Acha que o carioca Anthony Garotinho está condenado em primeira instância. O danado já passou pela segunda instância. Mesmo assim, obteve direito de concorrer. Ficha suja ou limpa? Depende.

Estamos na era dos pós-intelectuais bolsonarianos: Danilo Gentilli, Lobão, Alexandre Frota e outros gênios.

A "midiocridade" é uma ideologia que dispensa o cérebro.

Um grande progresso na direção da idade da pedra.

 

 

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895