A França em ebulição eleitoral

A França em ebulição eleitoral

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O que aflige a França neste momento? Os casos de corrupção que engolfam o candidato Republicano (direita) François Fillon, cuja mulher recebia dinheiro público sem trabalhar, e a Frente Nacional (extrema-direita), que lidera as pesquisas baseada em três pilares: contra a Europa (dos banqueiros), contra as elites que se autoprotegem e contra a imigração.

O que fizeram recentemente os deputados franceses? Aprovaram uma lei que faz prescrever casos de corrupção em 12 anos. É justamente o tempo que pode salvar a candidatura de Fillon. Que argumento usaram os parlamentares? O direito ao esquecimento. Sim, como no Brasil, eles são caras de pau, safados, capazes de tudo para salvar a própria pele.

O que propõem vários candidatos? Uma reforma do sistema de saúde, considerado por uma pesquisa europeia como o melhor do mundo. Direita e esquerda pensam, por exemplo, em fazer o Estado pagar cem por centro dos tratamentos dentários e dos óculos dos cidadãos (hoje anda em torno de 60%). Mais Estado, menos ganância.

O grande tema é o salário universal proposto pelo candidato socialista Benoît Hamon. Na sociedade das máquinas e do desemprego cada um deve receber do Estado para consumir, alimentar a produção e ter uma vida digna. Uma ideia para enlouquecer os coxinhas que sonham em acabar com o bolsa-família. A Europa j´pensa no pós-trabalho.

Toda essa discussão pode ser acompanhada num domingo entre 18h45 e 21 horas em canal aberto da televisão pública.

Sem comerciais, sem cortes, em profundidade.

A liquidação do Estado por um governador seria vista aqui como um crime de lesa-pátria.

Marine Le Pen está na frente por causa do desencanto de muitos franceses com o discurso político economicista, o discurso dos tecnocratas gestores que só falam dos ajustes fiscais benéficos para a turma dos camarotes, aqueles que cortam em baixo para preservar em cima, os mesmos que, com ajuda da mídia, criam déficits imaginários para impor suas soluções.

Franceses, com sua corrupção, perguntam: até quando o Brasil vai suportar tantos corruptos, trocando uns por outros?

Quem souber que responda.

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