Bares da moda na internet

Bares da moda na internet

Redes sociais e seus cardápios

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      Redes sociais são como bares. Entram e saem da moda. Bares adotam nomes que sempre prometem mais do que entregam: Paraíso Perdido, Kansas City, Sexo, Drogas e Emoções Baratas. Quando um bar entra na moda, todo mundo corre para lá. A razão para mudar de bar, em geral, é que todo mundo está nele. Já não tem charme, não dá um efeito de distinção. Além dos nomes, bares adotam decorações diferentes e oferecem praticamente o mesmo: vinho, cervejas, petiscos. A carta de vinhos pode ser mais ou menos sofisticada. No frigir dos ovos é tudo igual embora para os frequentadores seja totalmente diferente. No Brasil, o primeiro bar rede de sucesso foi o Orkut. Era um boteco pé sujo com cadeiras de lata.

      São muitos os bares da Internet: Instagram, Facebook, Twitter, Tik Tok e por aí vai. Cada um tem o seu público. Jornalista gosta do Twitter, que já seria coisa de velho, só perdendo em faixa etária mais idosa para o Facebook atual, bar de família. O Tik Tok tem algo de bar temático. O Instagram anda bombando. Todos oferecem o mesmo cardápio básico: interação. Como sou velho e jornalista, gosto mais do Twitter: a decoração é mais organizada, a comunicação mais racional, cada coisa está no seu lugar. Publicitários quando se apaixonam por uma novidade são dogmáticos. Declaram a morte do que amavam antes. O bar Twitter já era. Algo me diz que ainda não. Afinal, Felipe Neto está lá com 13 milhões de frequentadores. Anitta também, com 13 milhões e 400 mil. Paulo Coelho tem 15 milhões e 400 mil. Eu frequento Twitter e Facebook. Tenho conta no Instagram, mas não quase não gasto por lá. A decoração não me agrada.

      Que lugar confuso. Bar da moda é chamado no diminutivo: Insta, Face, Tik, Lanchera (opa, misturei as realidades). O Twitter não tem diminutivo. Pode ser o seu fim. Tem bar que exige senha para entrar. No Twitter vale tudo: entra com bilhete ou resmungo sem precisar de convite. Se incomodar, toma um bloqueio e babaus. No Facebook também vale quase tudo. Só que precisa ser admitido. Tem lotação máxima. Isso foi motivo de muita adesão no começo. Se tem uma coisa que frequentador de bar adora é ser VIP, amigo do dono, parceiro dos garçons, gente da casa, tratado pelo nome. O Face não é para qualquer um. Só para os escolhidos, chamados de amigos. O bacana é ter cinco mil amigos desconhecidos. Tem espaço para voyeur. Pode espiar sem interagir. No Instagram só entra com foto. No Tik Tok, com alguma careta. Bares são tribais, com linguagem própria.

      No Twitter se fala de política. No Face, de comida, pets e netos. No Insta, de bunda, peito e de si mesmo. No Tik Tok, de cosplay e outras dramatizações risonhas. Cada bar reúne a sua fauna. Tem quem fale muito, quem fique calado bebendo num canto, quem exiba os músculos, quem atire para todos os lados e quem faça provocações só para ser bombardeado. Importante é fazer contabilidade quando possível: quantos frequentadores, amigos, likes e compartilhamentos. Abandonei há muito os bares reais. Agora a minha boemia é toda virtual. Posto em horário comercial. O bom dos bares das redes sociais é que aglomeração não mata. Tamu juntu.


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