Caderno de Sábado: saudades de Scliar

Caderno de Sábado: saudades de Scliar

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A primeira vez que eu o vi em carne e osso foi na editoria de esportes da Zero Hora.

Ele estava em pé diante de mim dizendo:

– Era isso que querias?

Eu não o reconheci. Ele disse:

– Sou o Moacyr Scliar, cara.

Eu fiquei vermelho. Tinha telefonado para lhe pedir um material.

Outra vez, fomos no mesmo avião para São Paulo. Na chegada, Bernardo me esperava.

Moacyr e Bernardo se abraçaram.

– Quando vais me devolver o livro? – perguntou um deles.

– Semana que vai, fica tranquilo – respondeu o outro.

No carro, perguntei a Bernardo:

– Quanto tempo faz que esse livro foi emprestado?

– Exatos 51 anos.

Um dia, telefonei para Scliar. Eu estava em crise:

– Não me consideram escritor – eu disse.

– Queres que eu te mande um diploma? – ele respondeu.

Rimos. Era um ótimo atestado.

Na última vez que o vi, no Rio de Janeiro, ele me deu um carona  no carro da Academia Brasileira de Letras do aeroporto do Galeão até a UERJ, pertinho do Maracanã. No caminho, ele me disse:

– Escrever é um combate. Para alguns, uma guerra de guerrilha.

O Caderno de Sábado rende homenagem ao grande Moacyr Scliar pelos 80 anos que ele não completou, mas que sua obra e as lembranças que temos completam por ele. Grande personagem esse autor.

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