Cinco anos do Caderno de Sábado

Cinco anos do Caderno de Sábado

Suplemento cultural do Correio do Povo festeja seu aniversário

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      O nosso Caderno de Sábado completa cinco anos neste começo de março. Parece incrível. Luiz Gonzaga Lopes, Marcos Santuário, Pedro Dreher e eu, sob o comando de Telmo Flor, com o patrocínio da Unimed-RS Federação, estamos fechando mais de 250 edições. São quase 1300 textos publicados. A nata da intelectualidade gaúcha voltou a escrever no CS. Não são poucos os colaboradores nacionais. E são de primeira linha. Dão orgulho também os estrangeiros. Como não se louvar de publicar Michel Maffesoli, Gilles Lipovetsky, Dominique Wolton e outros? E as entrevistas que fizemos? De prêmio Nobel da literatura a gigantes da filosofia e da história, de Wole Soyinka a Thomas Piketty. Em fevereiro, Bertrand Ricard, da Universidade de Reims, escreveu sobre assédio moral no jornalismo francês. Só nós abordamos o escândalo.

Quanta polêmica! Quanta análise! Quanto texto bem escrito! Neste ano mesmo, fizemos uma edição sobre Brumadinho mostrando que cultura não é só o “sorriso da sociedade”. Ficou dolorosamente bom. Resgatamos o “lugar do conto”, poesia, crônica, resenhas, artigos, entrevistas e ensaios. Falei nos estrangeiros. Lipovetsky rebentou com um ensaio sobre “democracia iliberal”. Maffesoli estraçalhou com um texto sobre os “coletes amarelos”. Sei que falei disso não faz muito. Fico babando e repetindo as coisas. Batemos uma bola maravilhosa em nossa equipe. Fazemos tudo, cada um com sua função ou suas funções: cobramos escanteio, cabeceamos, torcemos uns pelos outros e vibramos. O Caderno de Sábado é uma ararinha azul, sobrevivente em tempos de extinção de suplementos culturais. Uma ararinha que encanta.

      Todo sábado de manhã colocamos os JPGs das páginas nas redes sociais para chamar a atenção das pessoas. Queremos que sejam assinantes do jornal. Dá uma alegria ver as páginas coloridas tremulando na rede como bandeiras de uma paixão. Esta edição sobre os cem anos de nascimento de Jango ficou emocionante. A próxima edição – não conto o tema nem sob tortura – será um show. Uma homenagem a um dos mais brilhantes intelectuais gaúchos dos últimos tempos com textos de gente grande, de homens que honram a palavra intelectual com o que pensam e dizem. Fico bairrista, fico metido e saio por aí quase gritando de contentamento:

– Não tem pra ninguém no Brasil!

      Claro que ouço coisas assim: Se ninguém gava...” Mas não me mixo. Pelo Caderno de Sábado, repito o capitão Rodrigo: “Buenas e me espalho...” Não bastasse a qualidade dos textos, o CS é bonito de se ver, bem diagramado, bem editorado, lindão. Para mim só fica realmente bonito quando tem bastante texto. Não gosto de livrinho de colorir com pouco texto e muita figurinha. A grande arte consiste em equilibrar textos robustos com leveza gráfica. É como um edifício com estilo, estampa, estofo e leveza. Um Copacabana Palace. O hotel Alvear, em Buenos Aires. Estou com hotéis na cabeça. Mas deixo ao leitor fazer as comparações que quiser.

      Ninguém tem espaço fixo no CS. O negócio é rodar. Ouço o Chacrinha: “Roda, roda...” Longa vida ao Caderno de Sábado. Esperamos estar todos aqui para comemorar a milésima edição. Só faltam 15 anos. Com a reforma da Previdência, estaremos a postos tentando alcançar os pontos necessários. O Caderno de Sábado – clichê também é cultura – é a fênix. Com estilo.  

Muito conteúdo em tempos de vazio.


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