Como um pássaro na solidão
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O que entregaremos ao futuro
Um mundo maduro e sem poetas
Um arenoso deserto de imagens
O homem na plenitude do escuro?
Não sei as respostas que me espreitam
Sei que fui menino numa foto desfeita
Colhia frutas vermelhas na mata espessa
Via a curva do arroio como um aguaceiro
Cada raio de sol me acendia um vespeiro
A infância é que me recebe na velhice
Um lençol de águas numa vazante estreita
Fantasmas, cavalos, pandorgas, vogais
E os meus sonhos pendurados em varais
Colecionei espantos, medos e lápis de cor
Aos que vieram depois de mim ficará o luar
Essa abstração da luz na imensidão da noite
E a certeza de que só matei aula para voar.