Lançamento de meu livro na PUCRS
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Vem por aí a terceira edição.
Trabalhar na PUCRS tem sido uma alegria constante na minha vida. Adoro o contato com os alunos, a curiosidade espontânea e apaixonada da gurizada da graduação, a seriedade dos mestrandos e doutorandos, a determinação da universidade em crescer. Nos últimos rankings, a PUCRS aparece como a melhor universidade privada do país. Nada mais justo. Nosso Programa de Pós-Graduação em Comunicação, na minha suspeita, mas modesta opinião, continua sendo o mais completo do país: tem a melhor publicação acadêmica da área, a Revista Famecos, editada pela professora Beatriz Dornelles, o melhor evento, o Seminário Internacional da Comunicação, e os mais efetivos e permanentes acordos internacionais, com intercâmbio de alunos e professores. O Programa de Letras da PUCRS tirou nota máxima na avaliação da CAPES. Um show.
Em entrevista ao jornal “O Povo”, de Fortaleza, lembrei algumas coisas. O que mais chama a atenção é encontrar em 1888 os mesmos termos usados hoje para tentar assegurar os direitos dos poderosos. O Barão de Cotegipe, desesperado para frear a história, falou em nome da responsabilidade, da razoabilidade, do bom senso, da ponderação, da prudência, da boa fé e do direito: “Ninguém acreditará, no futuro, que se realizasse com tanta precipitação e tão poucos escrúpulos a transformação que vai aparecer”. E reclamou o respeito à lei: “A propriedade sobre o escravo, como sobre os objetos inanimados, é uma criação do direito civil. A Constituição do Império, as leis civis, as eleitorais, as leis de fazenda, os impostos, etc., tudo reconhece como propriedade e matéria tributável o escravo, assim como a terra”. O projeto da lei do Ventre Livre foi rotulado de comunista por um deputado, Almeida Pereira, na desesperada tentativa de bloqueá-lo. Rui Barbosa teve de defender-se: “Onde estribar, pois, essas imputações de socialismo, de proselitismo comunista, com que nos tentam desarmar?” O senador Paulino de Sousa apelou para aspectos jurídicos e humanitários. Afirmou que a lei Áurea era inconstitucional, antieconômica e desumana. Sempre os mesmos artifícios e argumentos.
O papel dos negros foi decisivo. No meu livro, escrevi o seguinte comentando um texto do jornal “Novidades”, que fez o balanço da luta pela abolição: “Uma viagem do imperador a São Paulo, na leitura de Novidades, selara o fim do trabalho servil: ‘O ministro da agricultura de então que o acompanhava, o Sr. Conselheiro Prado, deveria ter visto sem dificuldade qual era a política a adotar. Todos reconhecem que a questão servil terminou pela impossibilidade, que num ponto importante do Império se demonstrou existir em conter os escravos’. Era, desde sempre, a questão central: como conter, salvo pela força bruta permanente, aqueles que só podiam desejar a fuga, a ruptura dos grilhões e até a morte dos seus raptores? Como foi que demorou tanto tempo para o começo das fugas massivas? O ideal do produtor rural do século XIX ainda era a paz e a ordem garantidas pela violência estatal. O custo de repressão tornara-se um obstáculo à perfeição do modelo engendrado pelo capitalismo agrícola. Era preciso pagar pela repressão, pelos anúncios de fuga nos jornais, pelos serviços dos juízes, pelo trabalho dos capitães-do-mato e pela agilidade policial”. Se alguém estiver de bobeira no campus, apareça.