Marina, racismo e o voto nem nem

Marina, racismo e o voto nem nem

publicidade

Marina Silva vem atropelando.

Já empata com Dilma no primeiro turno. Ganha no segundo.

Aécio Neves não para de encolher. Está sendo cristianizado. Em 1950, o PSD teve Cristiano Machado como candidato a presidente da República. O PTB escolheu um nome certeiro, um tal Getúlio Vargas. Os eleitores do PSD votaram em Getúlio.

Criou-se o verbo cristianizar.

A esperança dos tucanos é que Dilma encolha tanto a ponto de não ir ao segundo turno.

Vã ilusão. Mais fácil é Marina ganhar no primeiro com Aécio morrendo de inanição.

Marina está sendo empurrada pelo voto "nem nem"

Nem PT nem PSDB. Nem petistas nem tucanos. Nem mensalão petista nem mensalão tucano. Nem Pasadena nem Alstom. Nem Lula nem FHC. O voto "nem nem" faz o eleitor saturado pensar: vou me livrar de dois incômodos com um voto só.

O vice-presidente Michel Temer, em Porto Alegre, mandou recado para Marina: é perigoso governar sem partido.

Temer é o último a saber. Marina governará com o seu partido.

O partido de Temer. O PMDB.

Bola nas costas.

*

O Brasil se move.

O jogo entre Grêmio e Santos está suspenso por causa dos atos racistas acontecidos na Arena na última quinta-feira.

Já era tempo.

Os torcedores fanáticos haviam encontrado um álibi para dissimular a infâmia: não se pode generalizar.

Bastava alguém denunciar atos racistas no  meio de uma torcida para que surgisse o alerta:

– Cuidado. Generalizar é preconceito. A instituição X ou Y não pode ser atingida.

Punir o clube seria comprometer a instituição X ou Y. Não há clube institucionalmente racista no Brasil. Mas nenhum clube pode passar a mão na cabeça de torcedor que pratica racismo. Parabéns ao Grêmio que está punindo os seus torcedores que praticaram racismo. Parabéns à torcida jovem do Grêmio que resolveu abolir a palavra "macacada" dos seus cânticos.

Parabéns ao goleiro Aranha que não deixou por menos.

Os tempos são outros. Não há mais espaço para insultos racistas como "brincadeira".

Esse tipo de brincadeira é pura mediocridade.

É por isso que boa parte do humorismo brasileiro é medíocre.

Um novo tempo começa: o da criatividade respeitosa.

Viva o politicamente correto.

Não há mais lugar para o falso perseguido, aquele que se lamenta:

– Não dá mais para ser heterossexual neste país.

Conversa fiada. Não dá mais é para ser preconceituoso impunemente.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895