Negros, os verdadeiros heróis brasileiros
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Ninguém deu mais do que os africanos a este país.
Dizia Joaquim Nabuco, antes da abolição da escravatura: “Tudo o que significa luta do homem com a natureza, conquista do solo para a habitação e cultura, estradas e edifícios, canaviais e cafezais, a casa do senhor e a senzala dos escravos, igrejas e escolas, alfândegas e correios, telégrafos e caminhos de ferro, academias e hospitais, tudo, absolutamente tudo que existe no país, como resultado do trabalho manual, como emprego de capital, como acumulação de riqueza, não passa de uma doação gratuita da raça que trabalha à que faz trabalhar”.
Releio Nabuco sobre o primeiro dever de qualquer um no século XIX: “Antes de discutir qual o melhor modo para um povo ser livre de governar-se a si mesmo – é essa a questão que divide os outros – trata de tornar livre a esse povo, aterrando o imenso abismo que separa as duas castas sociais”.
No século XXI, eliminar esse abismo é a obrigação de todo governo.
As cotas são um instrumento fundamental na superação dessa divisão.
O resto é hipocrisia, dissimulação e reprodução de uma ordem infame.
Os grandes heróis da história brasileira são os negros.
Heróis do cotidiano, heróis massacrados, por exemplo, em Porongos, traídos por farroupilhas.